quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

FOI DADO MUITA CORDA AOS BOIS

Esta metáfora pode ser traduzida como um elástico que nos faz lembrar que serve para dar flexibilidade ao que precisamos. Observamos na medida que a sociedade brasileira caminha, em relação a desgovernabilidade e o desentendimento entre os Três Poderes, que chegamos ao rompimento do que seria um simples alongar. Examinadas as nossas leis por Procuradores, Juízes e outros dentro da área, fazem dela uma extensão e não está mais valendo o próprio código. As leis, à medida que sofrem emendas perdem o sentido original, a flexibilidade chega ao ponto de ser jogadas para o lado e esticada a corda até a jurisprudência. Sem judiciário, perdemos a democracia. A corda foi levada para um ponto, e não encontramos mais "o boi", que dava partida ao carro. Sem boi, sem carro, o país vai ser lembrado por se ter  "dado muita corda aos bois".



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Livro sugerido para a semana: Carl May - O tesouro do Lago de Prata

Carl Friedrich May, nasceu em Radebeul, na Alemanha. Maio incorporou seus personagens a ponto de confundir o leitor. Escreveu este livro em 1891 após ter viajado para os Estados Unidos e ali viveu com o índio, o negro e o yankee. Era poliglota, e aprendia a língua viajando. Fez um romance de aventura, o melhor entre todos escrito por ele, escreveu na terceira pessoa. Pré-moderno, seus personagens são criados a partir de uma vivência com as viagens e assim  adjetivando-os como: altos, magros, barbudos, ruivos,  vai dando forma a cada um e surprendendo o leitor. Colocou-os em um navio  e aos poucos vão se conhecendo de forma que o leitor fica de cabelos em pé: Mão de Ferro (homem forte), o Mão de Fogo (bom no gatilho) e o ruivo Brinkley?
   __ "Cruzes! Se aquele não é o ruivo Brinkley, quero ser enfumaçado e devorado com toda a casca. Tomara que ele não me reconheça!"
     A maioria dos personagens eram yankees e havia também o Coronel. Encontravam-se ali os respeitáveis Nintropan-haney e o seu filho Nintropan-hoomosch. Eles eram nada mais que dois nômades que vagavam pelas planícies e montanhas americanas, sem destinos: o "Grande-Urso" e o "Pequeno-Urso". Também a bordo o "alemão". Era o Preto Tom "célebre rafter".
     O navio era um saco de gatos, ou melhor um gatinho viajava ali. Dizia o proprietário do gato: acalmem-se cavalheiros, é apenas uma pantera negracom três metros de comprimento, com três anos de idade e come um carneiro por dia. Ela dorme no caixão de madeira e alguém esbarrou nele. A pantera havia rosnado e fez o navio estremecer.
     Assim prosseguia a viagem de sobressalto em sobressalto. Uma bela leitura. Confira a qualidade literária de Maio.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O Estrangeiro - Albert Camus


Li L'étranger, em 1980, com dificuldades de tradução e com o confronto dos fatos brasileiros, lembro Camus, com aquela narrativa estrambólica, no diz que me disse? Poderia ser uma narrativa diferente, mas nunca relatada. Por que ao ler as notícias brasileiras lembro do autor?  Meursault era o protagonista que recebeu um telegrama:

"Hoje mamãe morreu. 
Ou talvez ontem, não sei.
 Recebi um telegrama do asilo: 
"Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos.
" Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem." 

Diante dos fatos vivenciados aqui, leio o seguinte:

"Nem sei se há razões para a prisão de Eduardo Cunha”, diz Gilmar Mendes

Ao receber o telegrama, o protagonista vai ao enterro e tem o mesmo comportamento do Ministro citado:  "Hoje mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei". "Não sei se há razões para a prisão de Eduardo Cunha".
Quando me deparo com as manchetes diárias, me sinto uma estrangeira, que ainda não chegou ao crime, que não precisa de uma absolvição, mas condenada pela situação da frieza perante os fatos relatados todas as manhãs, ora emergindo num mundo concebível, ora submergindo, num mundo irrealizável. Não há mais o diálogo, há um esvaziamento na linguagem e nos desfamiliarizamos da coisa desconhecida ou nos familiarizamos com a coisa conhecida. Tentamos nos remeter, mas caímos na teia do mundo às avessas, no estranhamento, entramos na obscuridade, na dificuldade do relato. 
Nessa pós-modernidade, dessa linguagem tresloucada de temas absurdos, com o esvaziamento dos significados linguísticos, temos que engolir não a narrativa, mas o protagonista que levanta pela manhã e não sabe o que fazer com seus neurônios ou com o seu pudor. Pasmos, estéreis, com a paralisia das ações da "radical incompletude do homem num mundo degradado", vivemos aprisionados e para se adaptar a situação presente, nos refugiamos numa metamorfose.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

SAVONAROLISMO - O que abunda!

Italy - circa 1952: stamp printed by italy, shows girolamo ...
O que abunda não prejudica, precaução demais não prejudica, cautela e caldo de galinha não prejudica. Nem o que abunda, nem a cautela, nem o caldo de galinha..., equilíbrio mental. (Quid abundat non nicere, abundat cautele non nocere, caute gallinacci  non nocere. Et abundantes, et prudentia, et gallinacci caute....sanitatem reducamus.Requião compara Moro ao inquisidor Savonarola; assista ao vídeo

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

MEXENDO COM LIVROS: PEDRO CARDOSO DUARTE - Salário de vereador

MEXENDO COM LIVROS: PEDRO CARDOSO DUARTE - Salário de vereador: Em 1945 os vereadores não recebiam salário nas capitais brasileiras. Em 1948 os vereadores de alguns municípios pequenos não compareciam...

PEDRO CARDOSO DUARTE - Salário de vereador

Em 1945 os vereadores não recebiam salário nas capitais brasileiras. Em 1948 os vereadores de alguns municípios pequenos não compareciam as reuniões semanais por que estariam trabalhando de graça. Muitos Prefeitos já haviam assinado o pedido das Câmaras para que fossem pagos seus proventos. Por volta de 1950 todos os municípios brasileiros pagavam salários para todos. O único vereador brasileiro que não aceitou receber o salário em dois mandatos consecutivos de 1956 a 1964 foi o vereador Pedro Cardoso Duarte/TORRES/RS/BR, sendo eleito Prefeito em 1964 a 1969, no período da Ditadura. O salário a pedido do vereador era destinado ao Ginásio São Domingos, que juntamente com Dr. Rui Rubens Ruschel e outros foram seus fundadores. Pedrinho, era assim que o chamavam compareceu durante 8 anos a todas as sessões da Câmara de Vereadores de Torres, sem receber um centavo. A primeira medida, após assumir a Prefeitura foi baixar o seu próprio salário, recebendo assim salário abaixo dos vereadores daquela Câmara. Havendo a discrepância, a Câmara se agitou e durante os cinco anos de gestão, teve minoria a seu lado.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

ELOGIOS DA LOUCURA - Erasmo de Rotterdam

       
              SOBRE OS ELOGIOS DA LOUCURA

      A obra, é uma sátira que atravessa o tempo permanecendo sempre atual, escrita por  Desiderius Erasmus, mais conhecido por Erasmo de Rotterdam, por ter nascido nessa cidade em 1465. Faz uma homenagem a Tomás Morus, um chanceler e advogado do reino de Henrique VIII, que foi enviado a Frandes, para tratar de uma missão, uma querela, com o príncipe Carlos, em Castela, na Espanha.  Em Oxford, onde estudaram, fizeram uma grande amizade e o amigo lhe faz uma dedicatória com o livro Elogios da Loucura, que  se pode ler numa carta enviada a Morus. 

                                                                                                                Salve!
     " Encontrando-me, há dias, de retorno à Itália, para a Inglaterra, para não despender todo o tempo da viagem em insípidas fábulas, dei preferência em distrair-me, já voltando o espírito para os nossos estudos comuns, já relembrando os sapientíssimos e igualmente muito agradáveis amigos que eu deixava ao partir. E foste tu, caríssimo Morus, o primeiro que surgiu ao meus olhos, visto como, não obstante tamanha distância, eu via e conversava contigo com idêntico prazer, que em tua presença costumava sentir e o qual juro que não experimentei maior em minha vida. Não querendo neste interregno, ser tido como indolente, e não me parecendo serem as circunstâncias apropriadas aos pensamentos sérios, achei que me convinha divertir-me com um elogio da Loucura? _ indagarás a mim. Pelo motivo que segue: no início fui dominado por essa fantasia devido ao teu gentil sobrenome, tão idêntico a Moria (loucura em grego) quanto em realidade estás distanciado  dela e, certamente, mais distante sobretudo do conceito que se tem dela. Depois fiquei lisonjeado com a suposição de que essa engenhosa pilhéria viesse a merecer a tua aprovação, se é certo que divertimentos tão artificiais, ainda que, em verdade, não o julgues plebeus, nem inteiramente insípidos, possam agradar-te, permitindo que, qual novo Demócrito, observes e ponhas em ridículo os eventos da vida humana. Conseguintemente, terás prazer, agora, não apenas em aceitar de bom grado esta minha pequena arenga, como sendo um presente do teu bom amigo, mas ainda colocando-a debaixo da tua proteção, como uma coisa sagrada para ti e, verdadeiramente, mais tua do que minha. 
      No que me diz respeito, deixo aos demais que julguem esta minha tagarelice; porém, se o meu amor-próprio não permitir que eu me dê conta disso, ficarei satisfeito de ter exaltado a Loucura sem estar completamente louco. Muito mais livre e azedo foi São Jerônimo, que nem mesmo perdoava o nome das pessoas! Contudo, por que razão hei de te dizer todas essas coisas, se tu és eminente advogado, capacitado de modo egrégio ainda as causas menos propícias? 
      Sem mais, eloquentíssimo Morus, faço votos que estejas no gozo de tua saúde e tomes com todo ânimo a parte de tua loucura."

                                                                                                                                      VILA, 10 de junho de 1508. 


        Sobre os Elogios da Loucura, deparamos  com a presença                  dos sábios da educação  e da justiça, mostradas  com o emprego do  paradoxo.  Pintou  a alma humana como de um  louco,  satirizada       com espiritualidade.                                                                       
                                                                 


      A carta mostra a vivência de Erasmo: um talento que não pode ser desperdiçado com leviandades, uma pessoa de muito bom humor, de uma alegria permanente. As máximas se afloram para satirizar a educação,  àqueles que se acham sábios com o emprego do contraditório: "Não tens quem te faça um elogio? Elogia-te a ti mesmo."  Chega a ser sarcástico, mas necessário para atingir  de maneira inevitável e de forma universal, a falta de elogios e pelo "profundo desprezo não sei se pela ingratidão ou pelo fingimento dos mortais." O ignorar, falta de generosidade, o dar às costas para quem um dia lhe estendeu a mão, e pelo que se percebe tem aqueles  que fazem de conta que não se conhecem, ou direcionam-se a uns e a outros, ah! São os outros. Onde está a educação? "É verdade que alimentam por mim uma veneração muito grande e apreciam muito as minhas ações  generosas; entretanto, parece inacreditável, desde que mundo é mundo, jamais existiu um único homem que, dando mostras de reconhecimento, fizesse o elogio da Loucura."
   "O que seria dessa vida, se faz jus ao nome de vida, sem os prazeres da volúpia". O pensador comenta a vida fastidiosa e o que traz o alívio para a vida, é a volúpia, com gracejos e burburinhos. Para ele, a loucura faz parte da sabedoria, desde que fossem sábios.  Satirizando e contradizendo-se, porque se a sabedoria, segundo ele, também é o veneno da vida, porque nos priva das loucuras, então os loucos não se deixam envenenar, atiram-se na volúpia, e a vida torna-se mais prazerosa: "E como é bom viver!” 
     "Esclarecei-me se existiu uma só cidade que tivesse adotado as leis de Platão e de Sócrates, ou as máximas de Sócrates." O que os sábios exclamam: "pode existir loucura maior do que a de um candidato que adula de modo suplicante o povo para conquistar honras  que adquire o seu beneplácito à custa de liberalismo?"   Por que lembra do liberalismo se ele só foi surgir dois séculos depois? As doutrinas que descrevem o liberalismo como um pensamento voltado para a liberdade tem início com os filósofos na Antiga Grécia e China Antiga. A sociedade que o pensador ironiza vive sufocada num “eterno” feudalismo que se evidencia no século III, continua até século XV e dele ultrapassa  em torno de senhores proprietários e monarcas. Uma loucura, o comportamento dos políticos quando necessitam do povo para atingir cargos de reis, senadores, governantes sem ter plantado nenhum mérito anterior ou nenhuma sabedoria.  A classe operária, os miseráveis, que são submissos, aplaudem os mentecaptos, que recebem honras divinas, sem méritos. Ainda aponta para "as cerimônias públicas que efetuam para acrescentar ao número dos deuses os mais celerados tiranos." Eram cerimônias romanas que até os dias de hoje se copiam através da mídia com honrarias e troféus com destinos pré-determinados. 
       Lembra Sócrates: "Acontece que esse homem não era inteiramente louco", pois os sábios deveriam afastar-se inteiramente do regime da república, que só estavam a serviço do bem viver, de ensinamentos e na República de Platão,  lembra o poeta Píndaro, a respeito de quem tiver levado uma existência justa e pura: 

a doce esperança
que lhe acalenta o coração acompanha-o,
qual amada velhice, a esperança que governa mais que tudo,  
os espíritos vacilantes dos mortais.

     Sócrates não era assim tão louco, mas leva a ética a sério, não quis ludibriar os seus detratores, não volta atrás nas afirmações filosóficas e prefere tomar Cicuta à passar o resto da vida concordando com eles. Uma loucura! Já na Idade Média, Galileu não perde nenhum conceito de sabedoria e permanece vivo. Outros tempos!
        Fala de Homero que apesar de cego, enxergava essas verdades: "O tolo - disse ele - aprende à sua custa e apenas abre os olhos depois do fato."  Nenhuma ironia, apenas a ambiguidade, a loucura, a tolice humana, que caminha de olhos vendados e só depois que se vê perante aquilo que acredita como certo, agora, o próprio fato  mostra outra realidade.
    "O que está fora de qualquer dúvida é que os filósofos, quase por universal consenso, ridicularizam a advocacia e, com grande propriedade, qualificam esse mister como ciência de burro. Entretanto burros ou não, serão sempre eles os intérpretes das leis e os reguladores de todos os negócios."  Na Idade média era assim, antes dela também e nos tempos modernos, nessa contemporaneidade do século XXI, nada mudou; continua sendo a ciência de burro, assim ela  se divide em três pensamentos, os que fazem dela continuar sendo a ciência dos burros, os que fingem que não sabe que é a  ciência dos burros, e os que conhecem bem a ciência dos burros. Salvo-conduto, que se lembre da ironia do pensador, tanto que dedica o livro a um excelente advogado da corte inglesa em homenagem a sabedoria, a fidelidade e os mesmos cuidados em lidar com o ofício, era um humanista, que enfrenta o Canal da Mancha para resolver a querela do Rei.
    "Querem os advogados levar de vencida todos os demais eruditos e fazem enorme conceito de sua arte. Ora, para usar de franqueza para convosco, a sua profissão e, em derradeira análise, um verdadeiro esforço de Sísifo. Efetivamente, eles determinam uma porção de leis que não levam a qualquer conclusão. Que coisa são o digesto, as pandetas, o código? Um acervo de comentários, de glosas, de citações com toda essa confusão, fazem acreditar ao populacho que, de todas as ciências, a sua é aquela que necessita o mais laborioso e sublime engenho. E, como acontece julgar-se mais belo o que é mais difícil, sucede que os estúpidos têm um elevado conceito essa ciência." Na crítica irônica, o julgamento é feito pela justiça, pelos esforços dos advogados com as leis para condenar. Morus vem sofrendo as represálias do Rei por defender a classe operária; é um escritor com muitos livros editados e entrega o último a Erasmo para que publicasse após a sua morte, a Utopia, enquanto lida com a fúria e o apelo da corte para a condenação,  por uma fofoca, a ser decapitado. Já sofria de gota, então pede a um dos guardas com a mesma coragem que conduz a vida, porém de espírito sossegado, que ajude a subir no cadafalso: "Amigo auxilia-me a subir, que quando eu descer não te darei mais trabalho".  
    Cita Sísifo, condenado pelos poetas a rolar uma pedra montanha acima e assim que se aproximava do topo deixa escaparEssa condenação mitológica corresponde ao que hoje se chama de prisão perpétua, pois o condenado teve de rolar a pedra por toda existência, com a diferença do esforço ser sobre-humano e sem nunca atingir o ponto. No Senado, Luis Roberto Barroso é sabatinado,  como um dos requisitos para se tornar Ministro do STF,  afirmou que o mensalão representa "um ponto fora da curva". Para Barroso a curva demonstra o funcionamento do direito em condições normais. Cada sentença judicial, cada ponto encontra o seu lugar perto de certo acordo de base: a curva, que representa uma espécie de sentença ideal a reunir casos semelhantesO acordo de base passa perto da curva, mas não chega a ser tocado, não tangencial o que seria uma sentença ideal. Por que, pensou Barroso, dessa forma? Observe o direito e suas análises, e suas sentenças: Sísifo parte da base para chegar ao cimo em linha reta, com uma pedra, sem passar por perto de curva; Barroso imagina a base como um acordo que se faz, que seria o ideal, e por que não é? Sísifo, faz o esforço inútil, já que a pedra ao tocar o cimo, volta à base, e ambos, o ponto não toca a curva. As sentenças, as análises continuam como o próprio autor ironiza uma ciência de burro.
     "Tem os sábios, que possuem duas línguas, uma para expressar aquilo que pensam e a outra para falar de acordo com as circunstâncias com talentos para fazer o preto surgir como branco e o branco como preto, soprando com a mesma boca  tanto o calor como o frio."  Eurípedes, na primeira  máxima, lembra a língua da sanguessuga que se bifurca, segundo Plínio, são os discursos com palavras estrangeiras formando mosaicos, só enganando os leitores, os tolos, e na segunda, menciona a fábula de Aniano que relata a história de um camponês sátiro,  que sai de sua cabana e, enrijecido pelo frio, é acolhido por outro que lhe serve uma sopa quente, enquanto assopra as mãos para aquecê-las, repetido pelo hóspede. Na mesa o sátiro tem dificuldades para tomar a sopa quente, então vê que o camponês antes de levar  à boca, assopra para esfriar. Vendo isso ele mostra-se espantado, da mesma boca que sai calor, também sai frio? E sai a correr porta afora por achar que estava sendo enganado.
   "Eu nunca desejaria beber com um homem que tudo se recordasse". O pensador não gosta de ladrilhos, de estrangeirismos, no meio das palavras, mas Qui peccat ebrius, luat sibbrius. (Aph. JUR). Quem bebe para falar, expia para calar."Odeio o ouvinte de memória fiel em demasia". Repete o contraditório no emprego do verbo odiar no lugar de amar e o adjetivo em demasia incomoda o pensador, pois que abundat non nocere. O mestre era amante do que abunda ou não abunda?
     E despede-se: "E, por isso, sede sadios, aplaudi, vivei, bebei, ó muito célebres iniciados nos mistérios da Loucura." (Cardoso, Maria de Lourdes)
                                                                       
                     

domingo, 25 de setembro de 2016

MEXENDO COM LIVROS: MINHA AVÓ INÁCIA NA PEROBA/SOMBRIO/SC

No baú de minha vó, havia bonecas dançarinas. Ela estava com uma idade bastante avançada e o vestido preto e o lenço também preto a fazia mais idosa ainda. Levantava depois de servido o café  e ela mesma trazia os utensílios para ser lavados por minha mãe. Descia uma escada com degraus altos com ajuda de um bordão. Tinha que esperar o momento certo, para que ela quisesse abrir o encantado baú. Cuidadosa, minhas bonequinhas de louça desapareciam e eu levava um susto quando encontrava deitadinhas sobre as roupas dobradas no baú. Que bom! Pareciam novas e parecia Natal de novo. Quero falar das bonequinhas feitas por minha avó: foram feitas de forma que eu não sei explicar na sua totalidade, a saia de armação da dançarina, de apenas dez centímetros, era de cauda de cavalo que costurada numa cortiça formava um círculo perfeito. Sobre esta primeira armação vinha uma saia que a largura inferior coincidia com o círculo já confeccionado.  A parte superior era feito  de pano branco e as meninas tinham cabeleira e pintadas de ruge. Uma blusinha completava a vestimenta. Meia dúzia de bonequinhas eram levadas com carinho  e colocadas sobre a mesa do jantar e ali ela batia e elas deslizavam. Durante a minha vida não me deparei com outra pessoa que fizesse bonequinhas dançarinas, iguais as dá vó Inácia.



quarta-feira, 21 de setembro de 2016

MEXENDO COM LIVROS: "TODA UNANIMIDADE É BURRA"

MEXENDO COM LIVROS: "TODA UNANIMIDADE É BURRA": Para Nietzsche, o que houve com filósofos de seu tempo foi uma má consciência, os de hoje, os de amanhã, que poderiam ser os extraordinár...

"TODA UNANIMIDADE É BURRA"


Para Nietzsche, o que houve com filósofos de seu tempo foi uma má consciência, os de hoje, os de amanhã, que poderiam ser os extraordinários, mas não foram, via-os com uma consciência tresloucada. O que diria Nietzsche sobre a consciência de uma sociedade que não tem nenhum interesse pela filosofia, pela sociologia e outros assuntos que pedem reflexão? Também remete para uma sociedade em que o cristianismo foi utilizado de mil maneiras para alavancar de forma doentia, hipócrita e cínica, os políticos, até a contradição do que seria a essência original.  "É uma vergonha e um opróbrio que uma tão nauseante e idolátrica bajulação possa, nos dias de hoje, ser efetuada por homens supostamente e honoráveis: - repita-se - esta é uma prova de que não mais se tem a mínima noção de quão distantes se acha a seriedade  da filosofia da seriedade de um jornal". Eckermann, Goethe se lamenta dos jornalistas e de sua perniciosa ingerência na cultura, ao afirmar: “A má imprensa, ao usar da crítica e dos juízos estéticos, e na maioria das vezes de maneira negativa, introduz uma espécie de semicultura entre as massas”. Nietzsche ao escrever sobre a educação se preocupa com a cultura, a falta dela no povo alemão, pois o Estado se voltava para ele e não para a sociedade em si. O homem perde a sua individualidade, o seu próprio saber e passa a viver em rebanhos.  Nesse grupo que se identifica ele encontra apoio apesar de procurar a felicidade, mas só profere insanidades e permanece submerso, infeliz. Nesse jogo no grupo ele é um grande imitador, não sabe viver fora do rebanho, teme a crítica e se sente apoiado. Para ele não importa se há corrupção, importa o lado que o grupo pendeu, a unanimidade. Nelson Rodrigues cunhou dessa ignorância descrita por Nietzsche, que "toda a unanimidade é burra"

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

AÇORES a origem - ADROALDO CARDOSO DUARTE

O autor nasceu em 11.08.1940, em Torres, no estado do RS, economista, professor de Contabilidade Bancária e cadeira de Moedas e Bancos. Aposentado pelo Banco do Estado do RS como Gerente. Escreveu crônicas para jornal de Torres e pesquisador das raízes familiar em andanças exaustivas, porém compensatórias. Nasce o primeiro livro publicado em 2015, com o título 'AÇORES a origem'. A narrativa parte do fato real, da pesquisa, como já citei, numa genealogia familiar, numa aventura de quase três séculos de história: "[...]Vieram da Alemanha, os dois da mesma idade, com 15 anos cada um. Joseph em 1825 com seu pai Peter Bauer e a mãe Magdalena[...] (p.47). O emprego da ficção: "[...]Uma semana depois Manoel mata o bicho, tira-lhe couro que depois de seco servirá para fazer apetrechos para o carro de bois, tais como brochas, tamueiro e ajoujo. Outro bicho que fornece couro também[...] (p. 52). Nos dois momentos citados acima, observa-se o recurso usado pelo autor para entrelaçar  a narrativa do fato real a ficção: '1825' como fato histórico e o 'bicho', empregado de forma intuitiva, verossímil. Aqui fica a minha sugestão sobre o livro do Genebra, pseudônimo empregado no livro.

Marcador: AÇORES a origem - ADROALDO CARDOSO DUARTE

sábado, 23 de julho de 2016

MINHA CAIXA DE EMAIL - DIGG (foto)

"Dois atóis das Ilhas Marshall, Bikini e Eneuetak, foram palco de testes nucleares entre os anos de 1946 a 1958. Durante esse período, os Estados Unidos da América (EUA) realizaram explosões nucleares com potência 100 vezes superior que a de Hiroshima, fazendo com que a temperatura da água se elevasse de forma significativa, além de provocar a abertura de uma cratera de 2 quilômetros de diâmetro. Com isso, o país se tornou a região de maior contaminação radioativa do mundo". Info Escola

terça-feira, 12 de julho de 2016

sábado, 9 de julho de 2016

EDUARDO GALEANO E O CAPITALISMO

Na oitava edição de Veias abertas da América Latina, traduzido por Sérgio Faraco, pode-se ler o estrago feito pelo capitalismo, narrado dentro da história, por Eduardo Galeano. Quem costuma fazer críticas negativas  a Karl Marx,  na filosofia do capital, não sabe que o pensador se debruçou em pesquisas exaustivas, iniciadas na antiga Grécia. O poeta Teógnis de Megara (VI a.C) escreve para a classe dos escravistas que surgem na época:

"Coloca o duro pé sobre o peito do ignaro vulgo, 
Com as brônzeas esporas, faça-o curvar-se sob o jugo!
 Não há, sob sob o sol que tudo aclara no vazio mundo, um povo
 Que livremente tolere as rijas rédeas dos senhores."

Segundo Engels, aqui entra a pesquisa do filósofo, inciada com Marx, lá nos gregos: "Sem a escravidão não teria havido o estado grego, nem a arte, e ciências gregas; sem a escravidão, tão pouco teria existido Roma".
Começa, na Grécia a organização política, com a divisão do trabalho em agricultura, artes ou ainda divisão entre o campo e a cidade. 
Galeano, faz uma pesquisa completa da exploração das riquezas levadas dos Andes, pelos espanhóis, para pagar dívidas de um reinado falido, e o povo em mendicância. "Os capitalistas espanhóis se transformaram em financistas, através da compra de títulos da dívida da Coroa, e não investiam seus capitais no desenvolvimento industrial. O excedente econômico vertia para os canais improdutivos: os velhos ricos, senhores da faca e do queijo, donos das terras e de títulos de nobreza, levantavam palácios e acumulavam jóias; os novos ricos, especuladores e mercadores, compravam terras e títulos de nobreza. Tanto estes quanto aqueles não pagavam impostos e não podiam ser presos por dívidas [...]" (p.45)  Cita Marx, extraído do volume I, O Capital:  "O descobrimento das jazidas de ouro e prata da América, cruzada de extermínio, escravização e sepultamento das minas da população aborígene, o começo da conquista e o saque das Indias Orientais, a conversão do continente africano em campo de caça dos escravos negros: são todos fatos que assinalvam a alvorada da era da produção capitalista. Esses processos 'idílicos' representam outros tantos fatores fundamentais no movimento de acumulação originária". (p.46) 
A Grécia antiga, com o poeta de Megara,  Marx e Galeano com a história contada sobre os exploradores  na Idade Média, se completam.  Galeano mostra a corrida dos espanhóis, em busca das riquezas da América, para saldar dívidas do Império. Toda a fortuna arrecada, é aprisionada, através de compras de terras,  e tudo que podia ser adquirido sem que o capital gire, numa acumulação primitiva, um século depois dos descobrimentos, aumenta  a miséria. Tanto a nobreza, ricos e os novos ricos, não pagam impostos. Marx, escreve sobre o amanhecer da era capitalista, que se inicia com a escravidão negra, explorados nas colônias. A expressão usada quando escreve O capital,  o mesmo que Galeano repete mais tarde, quando se refere ao processo de acumulação primitiva para  forma de aprisionar  riquezas, principalmente o ouro tão citado pelo filósofo que impulsiona a acumulação capitalista no século XVIII com a mão de obra barata, a acumulação originária. As empresas crescem e assim a Inglaterra fica conhecida, nessa época,  como a oficina do mundo, com recorde de produção de algodão e tecelagem, graças a exploração dos obreiros que recebem o equivalente a compra  da metade de um pão. Vivemos na contemporaneidade com os mesmos problemas, envolvendo o capitalismo: os muito ricos, sustentados pelos pobres, a miséria que ronda pelo aprisionamento do capital e o dinheiro, que não gira; os ricos não pagavam impostos e não são presos por dívidas, num contexto só nosso. Temos ainda a fuga do capital explorado aqui que se transforma em poupanças (TRUST), fora de nossas fronteiras. Tanto o capitalista que  compra bens permanentes ou a corrupção instaurada, que faz o mesmo papel, tornando-se poupadores, só aumenta o desemprego e aumenta o índice de pobreza.

domingo, 22 de maio de 2016

terça-feira, 26 de abril de 2016

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

MEXENDO COM LIVROS: O APARELHAMENTO DOS BOIS AO ESTADO

MEXENDO COM LIVROS: O APARELHAMENTO DOS BOIS E DOS ESTADO:   Aprendi com meu pai sobre o aparelhamento dos terneiros que cresciam, para que ficassem na mesma altura para caber no cabeçalho. Era um ...

O APARELHAMENTO DOS BOIS E DOS ESTADOS

 Aprendi com meu pai sobre o aparelhamento dos terneiros que cresciam, para que ficassem na mesma altura para caber no cabeçalho. Era um aprendizado, porque das terras altas do morro desciam num carro de boi, cachos de bananas que eram colocados na beira da estrada para ser comercializados, em Morro Azul, o quarto distrito de Torres/RS.  Meu pai também falava no aparelhamento do Estado, da política e hoje me lembrei dele, nesta batalha de ódios que se instalou no país, com um destino ainda nada definido. Hoje, com um golpe de estado à vista podemos concluir que Exército, Marinha e Aeronáutica precisam se aparelhar com o Executivo para permitir a governabilidade. O que não permite que o país dê um passo a frente é o Poder Legislativo, que em momento algum dá condições de projetos que viabilize o crescimento num todo. Lamenta-se que o Judiciário também está atrelado a um tipo de ditadura. Os escândalos por que passa o país são repetidos diariamente nos telejornais e a sociedade incrédula, se divide em prós e contra ao governo. 

domingo, 31 de janeiro de 2016

DELFIM NETTO - "Todos somos cínicos".

Foto de Tuca Teles."Delfim Netto não acredita que um "mau Governo" seja motivo para a troca de presidentes antes da eleição. Tampouco, que o impeachment é a solução para a retomada do crescimento do país, mas, independentemente de quem esteja no poder, a presidenta Dilma Rousseff ou seu vice Michel Temer, o desafio será o mesmo: destravar o impasse político no Congresso."

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

FORA DE CONTEXTO - Ecos de Jacque Derrida

                    DESCONSTRUÇÃO E ÉTICA
     "[...] o direito, como instância decisória suprema, tem de decidir com base no texto da lei. O juiz não pode denegar a justiça alegando insuficiência da lei, nem pode decidir sem fundamentar juridicamente sua sentença. Nesse momento, aparece a responsabilidade extrema do pensamento crítico no direito: devemos interpretar e decidir mesmo na ausência do autor do texto, do destinatário e do próprio contexto. Mas uma determinada interpretação sempre tende a se impor sobre as demais, visto que a linguagem jurídica, como toda a linguagem, é opressora, busca o sentido correto, tende a congelar uma interpretação específica em detrimento de todas as outras possíveis, em nome da verdade, do sentido autêntico, da segurança jurídica. Como é possível sair da linguagem, e todo ato de interpretação é repressor, então não há como esperar por um direito justo. Assim, a verdadeira postura ética diante do direito está em decidir não decidir, ou seja, decidir continuar ajuizando, produzindo juízos sem cessar. O homem decidido entra na lei e pode tornar-se um monstro. A extrema responsabilidade é, portanto, não decidir, assumir a responsabilidade única de cada escolha, tomar posições mantendo sempre aberta a possibilidade de novas interpretações.
     [...] Como afirma Derrida, a justiça precisa do direito, da força de lei, da lei enforced, da law enforcebility. Isso porque ao mesmo tempo em que o direto se descontrói - como tudo construído pelo homem se destrói - e deve mesmo ser deliberadamente desconstruído, a justiça só pode ser pensada nesse intervalo entre a desconstrução (que é justiça) e o direito (que é o cálculo). É justo que haja lei, e não podemos escapar dela.
    [...] Essa leitura me leva a pensar que pensamento jurídico-político-brasileiro atual, pode ser desenvolvido no campo da interpretação jurisprudencial, ou seja, nas margens do poder decisório conferido aos juízes e tribunais. Esse espaço da decisão jurídica, da interpretação do texto legal defendida nos tribunais, corresponde a uma margem  de liberdade positiva para que o direito incremente sua relação com a democracia e com a justiça social."
   Obs. Pode-se ressaltar que o direito positivo brasileiro repassado do romano para o francês, cabe ao Judiciário a tarefa da interpretar as leis  e aplicá-las  de modo fiel.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

EU ACUSO...! E O PROCESSO DO CAPITÃO DEYFRUS - Émile Zola/Rui Barbosa

CapaÉmile Zola, nasce em 1840 em Paris e morre em 1902 por um escapamento de gás, quando dormia, também em Paris. Era odiado pela sociedade de direita, mas não ficou comprovado o assassinato vinculado ao acidente na época. Agitou a sociedade parisiense depois de escrever J'accuse (Eu acuso) em 1898 pedindo a absolvição no "Caso Dreyfus" e publicado no Jornal L'aurore com o título de: LETRE AO PRESIDENT DE LA REPUBLIQUE. O  capitão, Dreyfus, do exército  fora condenado por um crime que não havia cometido e que envolvia poderosos do exército da França e fora dela. Três anos antes da condenação, Rui Barbosa escreve um artigo na Inglaterra  se referindo a acusação de Dreyfus três anos antes de Zola que se pode ler em um pequeno livro Émile Zola,  Perante a inteligência do grande jurista há quem diga que foi ele quem absolveu o capitão. O artigo escrito por Rui foi lido no Brasil e publicado em Buenos Aires e não se tem prova de que tenha chegado até Paris.  Rui enviou lições ao nosso Judiciário: "Como quer que seja, na Inglaterra a forma inquisitória dada em França a esse julgamento seria hoje impossível. O Times, a tradição  viva deste país, exprimiu o sentimento inglês sobre o assunto num artigo memorável. Não sei resistir ao prazer de transcrever-lhe os trechos capitais. Fá-lo-ei, porque, além de tudo, nenhum país necessita mais de lições como esta do que o Brasil destes dias."  . Perante a inteligência do grande jurista há quem diga que foi ele quem absolveu o capitão. O artigo escrito por Rui foi lido no Brasil e publicado em Buenos Aires e não se tem prova de que tenha chegado até Paris.   e a ganância pelo poder.

MEXENDO COM LIVROS: O OURO COMO REGULADOR DO MERCADO

MEXENDO COM LIVROS: O OURO COMO REGULADOR DO MERCADO: " O ocidente pode consumir quantos esforços e recursos deseje para engordar artificialmente o poder de compra do dólar, baixar os pre...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

RIO CITARUM - Rio morto

No arquipélago indonésio, com um amontoados de ilhas se destaca, Java onde fica a capital Jacarta. No monte Wayang, na mesma ilha nasce o rio Citarum que por mais de 500 anos a.C. fornecia água para os habitantes da ilha. Ele precorre uma distância de 300 quilômetros e serviu a população até o século passado, com abundância de peixes e um recurso hídrico de grande importância na região que percorria, sustentando a agricultura. Hoje ele é batizado como o rio mais poluído do mundo: com a explosão asiática, ninguém ficou de fora, nem as ilhas paradisíacas, assim a ilha não foi poupada das indústrias e fábricas que se instalaram no decorrer do século XX. O rio serviu de despejo dos grandes capitalistas, e a importância do rio foi deixada de lado, o povo usado na mão de obra barata, nenhum tratamento para sanear os males que vinham fazendo ao rio e a população. De costas voltadas para o sofrimento humano, com a saúde em risco, só resta catar lixo para matar a fome. Aproximadamente 500 fábricas se utilizaram da região para se estabelecer. O rio serviu de despejo de detritos ameaçando qualquer ser vivo que por ali passe. 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

RIO CITARUM - O MAIS POLUÍDO DO MUNDO

POR QUE O CAPITALISMO NÃO DEU CERTO?
No arquipélago indonésio, com um amontoados de ilhas se destaca, Java onde fica a capital Jacarta. No monte Wayang, na mesma ilha nasce o rio Citarum que por mais de 500 anos a.C. fornecia água para os habitantes da ilha. Ele precorre uma distância de 300 quilômetros e serviu a população até o século passado, com abundância de peixes e um recurso hídrico de grande importância na região que percorria, sustentando a agricultura. Hoje ele é batizado como o rio mais poluído do mundo: com a explosão asiática, ninguém ficou de fora, nem as ilhas paradisíacas, assim a ilha não foi poupada das indústrias e fábricas que se instalaram no decorrer do século XX. O rio serviu de despejo dos grandes capitalistas, e a importância do rio foi deixada de lado, o povo usado na mão de obra barata, nenhum tratamento para sanear os males que vinham fazendo ao rio e a população. De costas voltadas para o sofrimento humano, com a saúde em risco, só resta catar lixo para matar a fome. Aproximadamente 500 fábricas se utilizaram da região para se estabelecer. O rio serviu de despejo de detritos ameaçando qualquer ser vivo que por ali passe. 


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

MEXENDO COM LIVROS: NÃO PODEMOS JANTAR O CUNHA, JANTAMOS O AÉCIO (ESOP...

MEXENDO COM LIVROS: NÃO PODEMOS JANTAR O CUNHA, JANTAMOS O AÉCIO (ESOP...: Sempre lembro Esopo  quando me deparo com situações em que posso encaixar alguma fala dos animais, em uma situação presente. Foi um fabul...

NÃO PODEMOS JANTAR O CUNHA, JANTAMOS O AÉCIO (ESOPO)

Sempre lembro Esopo quando me deparo com situações em que posso encaixar alguma fala dos animais, em uma situação presente. Foi um fabulista e contador de histórias  que viveu por volta do século VI a.C. na Grécia e são atribuídas a ele longas viagens por vários lugares longe da dali, o que pode ter contribuído para ser um contador de fábulas. Criou fábulas envolvendo animais com fala de pessoas e de cunho moral. São as conhecidas fábulas de Esopo. Nada prova a sua existência e nenhum manuscrito foi encontrado, somente três séculos depois os contos que foram passando de geração em geração de forma oral numa tradição, foram escritos. 
 O  filósofo Demétrio de Falero, em torno do ano de 325 a.C. governador da Grécia e grande orador, foi quem  coletou as fábulas que vinham de séculos passados: as fábulas de Esopo. Entre as fábulas a mais conhecida é da Lobo e do cordeiro. Para se alimentar o lobo investe sobre o pequeno cordeiro, argumentando ser importunado pela água que o cordeiro turvava, quando bebia. Nenhum argumento serviu para o lobo, como por exemplo: "_ Eu bebo abaixo, enquanto o senhor bebe acima de mim".  Pode-se concluir que para o lobo não importava o animal, mas a ocasião, e na falta  do pai do cordeiro ou do irmão, ele servia como jantar. Não podemos jantar o Cunha, jantamos o Aécio