sábado, 9 de julho de 2016

EDUARDO GALEANO E O CAPITALISMO

Na oitava edição de Veias abertas da América Latina, traduzido por Sérgio Faraco, pode-se ler o estrago feito pelo capitalismo, narrado dentro da história, por Eduardo Galeano. Quem costuma fazer críticas negativas  a Karl Marx,  na filosofia do capital, não sabe que o pensador se debruçou em pesquisas exaustivas, iniciadas na antiga Grécia. O poeta Teógnis de Megara (VI a.C) escreve para a classe dos escravistas que surgem na época:

"Coloca o duro pé sobre o peito do ignaro vulgo, 
Com as brônzeas esporas, faça-o curvar-se sob o jugo!
 Não há, sob sob o sol que tudo aclara no vazio mundo, um povo
 Que livremente tolere as rijas rédeas dos senhores."

Segundo Engels, aqui entra a pesquisa do filósofo, inciada com Marx, lá nos gregos: "Sem a escravidão não teria havido o estado grego, nem a arte, e ciências gregas; sem a escravidão, tão pouco teria existido Roma".
Começa, na Grécia a organização política, com a divisão do trabalho em agricultura, artes ou ainda divisão entre o campo e a cidade. 
Galeano, faz uma pesquisa completa da exploração das riquezas levadas dos Andes, pelos espanhóis, para pagar dívidas de um reinado falido, e o povo em mendicância. "Os capitalistas espanhóis se transformaram em financistas, através da compra de títulos da dívida da Coroa, e não investiam seus capitais no desenvolvimento industrial. O excedente econômico vertia para os canais improdutivos: os velhos ricos, senhores da faca e do queijo, donos das terras e de títulos de nobreza, levantavam palácios e acumulavam jóias; os novos ricos, especuladores e mercadores, compravam terras e títulos de nobreza. Tanto estes quanto aqueles não pagavam impostos e não podiam ser presos por dívidas [...]" (p.45)  Cita Marx, extraído do volume I, O Capital:  "O descobrimento das jazidas de ouro e prata da América, cruzada de extermínio, escravização e sepultamento das minas da população aborígene, o começo da conquista e o saque das Indias Orientais, a conversão do continente africano em campo de caça dos escravos negros: são todos fatos que assinalvam a alvorada da era da produção capitalista. Esses processos 'idílicos' representam outros tantos fatores fundamentais no movimento de acumulação originária". (p.46) 
A Grécia antiga, com o poeta de Megara,  Marx e Galeano com a história contada sobre os exploradores  na Idade Média, se completam.  Galeano mostra a corrida dos espanhóis, em busca das riquezas da América, para saldar dívidas do Império. Toda a fortuna arrecada, é aprisionada, através de compras de terras,  e tudo que podia ser adquirido sem que o capital gire, numa acumulação primitiva, um século depois dos descobrimentos, aumenta  a miséria. Tanto a nobreza, ricos e os novos ricos, não pagam impostos. Marx, escreve sobre o amanhecer da era capitalista, que se inicia com a escravidão negra, explorados nas colônias. A expressão usada quando escreve O capital,  o mesmo que Galeano repete mais tarde, quando se refere ao processo de acumulação primitiva para  forma de aprisionar  riquezas, principalmente o ouro tão citado pelo filósofo que impulsiona a acumulação capitalista no século XVIII com a mão de obra barata, a acumulação originária. As empresas crescem e assim a Inglaterra fica conhecida, nessa época,  como a oficina do mundo, com recorde de produção de algodão e tecelagem, graças a exploração dos obreiros que recebem o equivalente a compra  da metade de um pão. Vivemos na contemporaneidade com os mesmos problemas, envolvendo o capitalismo: os muito ricos, sustentados pelos pobres, a miséria que ronda pelo aprisionamento do capital e o dinheiro, que não gira; os ricos não pagavam impostos e não são presos por dívidas, num contexto só nosso. Temos ainda a fuga do capital explorado aqui que se transforma em poupanças (TRUST), fora de nossas fronteiras. Tanto o capitalista que  compra bens permanentes ou a corrupção instaurada, que faz o mesmo papel, tornando-se poupadores, só aumenta o desemprego e aumenta o índice de pobreza.

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