terça-feira, 31 de julho de 2012

MEXENDO COM LIVROS: DOM CASMURRO - Machado de Assis

MEXENDO COM LIVROS: DOM CASMURRO - Machado de Assis:      Joaquim Maria Machado de Assis, publica o romance em 1900. Dom Casmurro como título, foi um apelido dado pelo amigo no trem: "Dom ve...

DOM CASMURRO - Machado de Assis

     Joaquim Maria Machado de Assis, publica o romance em 1900. Dom Casmurro como título, foi um apelido dado pelo amigo no trem: "Dom veio por ironia para atribuir-lhe furnos de fidalgo (...) e Casmurro vulgo de homem calado e metido consigo."
     Emprega a metalinguagem, como no exemplo, quando alerta o leitor para um livro falho e faz um trocadilho com a sua narrativa e a do  outro: "Assim preencho, as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas." Comporta-se com ética quando diz: "Assim preencho, as lacunas alheias", uma crítica aos escritores  com suas obras falhas e a sua própria responsabilidade perante o leitor. O autor sem dúvida lia Arthur Schopenhauer que se expressa muitos anos antes da seguinte forma em seu livro "A arte de escrever",  quando fala sobre a escrita e o estilo: "Devemos descobrir os erros estilísticos nos escritos dos outros para evitá-lo nos nossos", p. 79, coleção L&PM POCKET. 
    Pseudo-narrador-protagonista, escreve na primeira pessoa, embora apareça a segunda do singula e plural, bem como a terceira .
     O narrador é apelativo: "Abane a cabeça leitor; faça todos os gestos de incredulidade. Chegue a deitar fora este livro, se o tédio já não obrigou a isso antes,  tudo é possível (...), fio que torne a pegar o livro e que abra na mesma página sem crer por isso na veracidade do autor." Entenda-se que "sem crer por isso na veracidade do autor", refere-se aquela verdade constituída de aparência de verdade. Romance de memórias, feito de recordações como pode-se ler já no início do livro: "Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, (...)", por pouco o narrador não inicia o romance com a famosa expressão pueril dos contos de fadas: "Era uma vez". Brinca com a temporalidade, brinca com a verdade. A verossimilhança que ele faz questão, para não deixar dúvidas ao leitor: "Eu, leitor amigo, aceito a teoria do velho Marcolino, não só pela verossimilhança que é muitas vezes toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição." Aqui o discurso fica suspeito, apenas um jogo literário e um jogo com o leitor, faz questão de dizer que pode ser verdade, "muitas vezes". Neste jogo de esconde esconde, os romancistas constroem suas  histórias fazendo cópias da vida real: os fatos, as ações decorridas no meio social, uma cópia de aparência de verdade, com uma simbologia diferente da real. Assim nos deixou um belo legado, o genial lingüista, Ferdinad Saussure sobre "la parole des hommes".  Nos versos do poeta Fernado Pessoa encontamos uma bela definição:
                              "Finge  tão completamente
                     Que chega a fingir que é dor
                     a dor que deveras sente."
     Cria uma personagem "a sua imagem e semelhança" dá a idéia de uma autobiografia, não fosse a verossimilhança, isto se confirmaria, tem-se, então, uma pseudo-biografia, a do Bentinho. A genialidade do narrador é a mesma do autor, se não fosse as casmurrices. Bentinho, por exemplo, não era um estudioso de língua francesa e sim de língua latina, católico devoto, como seu criador.
     As metáforas aparecem desde o início, como: "páginas amarelas", como memórias de um homem maduro; "olhos de ressaca" como explica o narrador: "como uma força que arrastava para dentro como uma vaga que retira da praia, nos dias de ressaca."; "Pádua roia a tocha amargamente", também explicada pelo narrador: "não acho outra forma mais viva de dizer a dor e a humilhação de meu vizinho" e "Flor do céu! oh! Flor cândida e pura", refere-se ao sujeito amado como sendo singela, bela ou explendorosa. Defino as metáforas como uma pluralidade, ou seja nosso narrador era estudioso do nosso idioma e de outros facilitando a construção verbal e aprimora o estilo.
     Os adjetivos já começam pelo próprio nome das personagens: Bentinho, como bento, benzido, abençoado e Capitolina como charmosa, amável e festeira. Aparece adjetivos em dupla: grandes e pequenos, misteriosa e bela e gordo e pesado, evitando assim os triplos, os quádruplos, (...). Diz Voltaire em "Discours sur l'homme, cap. VI, o "l'adjectif est l'ennemi du substantif", sem dúvida todo excesso é um pecado quando a narrativa está semeada de adjetivos, quando um substantivo poderia  melhorar a narrativa e até sintetizá-la. 
     Os substantivos: hóstia, missa, sacristão, entre tantos para expressar a prática religiosa.
     Os superlativos: amantíssimo, curiosíssimo e na fala de José Dias: "Um dever amaríssimo."
     Mostra as dificuldade da língua latina: "latim que ninguém aprende" ou ainda "língua católica dos homens". Cita a célebre frase de Júlio César em latim: "Tu quoque, Brutus?"
     Narrativa clássica, de construção inteligente e com períodos curtos: "(...) eu já vim saber que cantava. Cantei em duo, depois em trio, depois um quatro." Refere-se o narrador sobre a sua situação agora que sua mãe estava sabendo do namoro com Capitu, pelo José Dias, expressão esta usada nos dias de hoje através do verbo marchar e nosso narrador empregou o verbo cantar.
     O narrador  é enfático: "Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na confissão na véspera e na manhã, somaria  mais que todas as vertidas desde Adão e Eva."
    Narra a temência e a reconciliação com Deus, como bom cristão, palavras estas encontradas no romance de Anna Karênina de Tólstoy, escrito em 1873, aproximadamente: "Se não fosse o apoio da religião, nenhum pai poderia educar seus filhos, sem o auxilio dela (...). Só Deus sabe se teriam reconciliado de todo (...) graças a Deus a reconciliação é completa, completa. Tólstoy estava preocupado com o destino da sociedade russa e clamava por uma sociedade melhor e quando se refere no plural "teriam reconciliado de todo" estava se referindo aos demais pais. Em Dom Casmurro, também aparece a preocupação de dona Glória com a educação de Bentinho. Este quando a mãe adoeceu, veio-lhe a mente, a morte como solução de seu problema, a ida para o seminário, arrependido, na missa, reconcilia-se com Deus. Busca em Montaigne a essência do ser que tramita entre o bem e o mal,  referência ao não cumprimento da promessa não cumprida para o restabelecimento da mãe. "Voilà mes gestes, voilà mon essence". 
     Como romance psicológico  as característica estão presentes desde o início até o fim do romance, com ênfase ao narrador que se debate para não entrar no seminário, por achar-se traído, pelas mortes, (...). 
      Se "Sua Majestade pedindo, mamãe cede", Sonhava acordado, o Bentinho, quando passou o coche do Imperador; "(...) trazia uma idéia fantástica, a idéia de ir ter com o Imperador, contar-lhe tudo e pedir-lhe a intervenção."
      Fala de "Inquietas sombras"; Engano! Engano! Sedes" e "(...) os sonhos, perseguiam-se ainda acordado. Um sonho nascia do outro."
     Estrutura psicológica do "eu" consciente e inconsciente: Bentinho em suas reminisciências já no início da narrativa diz que "pretende atar as duas pontas da vida." A primeira ponta, a da infância, aparece quando diante dos quadros da sala: "Minha mãe era uma boa criatura. Quando lhe morreu o marido Pedro Albuquerque Santiago (...), tudo ali na parede o retrato dela, ao lado do marido, tais quais na outra casa (...)" ou ainda no outro quadro "ela ofereceu flor ao marido". Recurso inteligente mostra a problemática  dos filhos na falta dos pais, Bentinho mesmo depois de velho susbstituia a palavra pai por marido, trauma, que não desapareceu. A segunda ponta está fundamentada na primeira, pois a vida de Casmurro desde as primeiras recordações até o momento que pretende atar a primeira com a segunda, foram de grandes tristezas e casmurrices.
     Não é um romance sociológico e nem com ele se confunde, faz pequenas menções sobre a elite dos bairros, nobres e a pobreza da família de Capitu.
     Romance voltado para a Europa, com caracterísitcas cristã, urbana, moralista e mitológica.
     Observa-se "Tudo isto vivi. Não, a imaginação de Ariosto não é mais fértil que a das crianças e dos namorados, nem a visão do impossível precisa mais que um recanto de ônibus." Busca em Orlando Furioso de Ludovico Ariosto uma comparação entre a sua imaginação e do autor-personagem, dizendo que a imaginação de Ariosto está aquém da sua, de homem apaixonado, sofrido e a de Ariosto de homem medieval, utópico ou heróico.
      Busca na Ilíada de Homero, o enigma da dor, na Lança de Aquiles: "Ela fere e cura", assim decifrada por Ulisses e Téfelo o ferido cura-se com a ferrugem da lança, assim Bentinho se debate com a sua própria dor.
     Nos Lusíadas de Camões, mostra a ironia através da deusa Tétis, uma nereida marítima que  mostra a Vasco da Gama a Máquina do Mundo:
                             "É Deus, mas quem é Deus, ninguém entende
                    Que  tanto engenho humano, não se entende."
      A roupa da esposa lhe trás  ciúmes: "Capitu se vestiu para outros bailes, mas levou-os meio vestido de escumilha ou não sei o que, que nem cobria, nem descobria inteiramente, como o cendal de Camões."  Referia-se aos braços que não dava sossego aos homens, pelo tecido quase transparente, como nos versos de Camões, nos Lusíadas, canto 2, estrofe 7.
                            "Com um delgado cendal as partes cobre,
                     De quem vergonha natural reparo:
                     Porém tudo esconde, nem cobre
                     O véu, dos roxos lírios pouco
                     Mas, para que o desejo objeto raro;
                     Já se sentem no céu, por toda a parte
                     Ciúme em vulcão, amor em Marte."
     No realismo psicológico leva o leitor acreditar de que foi traído por Capitu com seu melhor amigo, Escobar, tendo como suspeita apenas  a semelhança entre o filho e o amigo, ao mesmo tempo com o emprego de mímese trás  dúvidas ao leitor: "(...) evocara as palavras do finado Gurgel, quando me mostrou em casa dele o retrato da mulher, parecido com Capitu (...). Reduzem-se a dizer que há tais semelhanças inexplicáveis..." não havia nenhum parentesco, logo poderia estar enganado com relação a paternidade do filho.      
     Quanto ao julgamento do leitor, como escreve o Procurador da Justiça, Professor de Direito da Unisinos e escritor, Dr. Lênio Streck, em uma coletânia em que seu primeiro livro tem como título, "O que isto? - Descido conforme minha consciência?" editado em abril de 2010. Em seu programa Direito & literatura, ele e mais dois convidados fazem a análise de um livro por semana. Buscam no livro: "O Direito contado a partir da Literatura, possibilitando, assim, que se desenvolva um novo modo de pensar o direito e, sobretudo, de compreender os fenômenos sociais no interior das culturas jurídica e literária".
     Inicia o romance com a casa da rua Mata-cavalos e termina com a mesma  casa: "O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos(...) ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve! Confira.



   

 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

MEXENDO COM LIVROS: GENERAL MANAF TLASS, ADOTADO?

MEXENDO COM LIVROS: GENERAL MANAF TLASS, ADOTADO?: Leitura feita às pressas da no que dá: pensei trata-se de Antony Quinn, no lugar do General Manaf Tlass, militar desertor da Síria, país...

GENERAL MANAF TLASS, ADOTADO?

Leitura feita às pressas da no que dá: pensei trata-se de Antony Quinn, no lugar do General Manaf Tlass, militar desertor da Síria, país que atormenta a todos com uma guerra sangrenta. Leitura feita às pressas dá no que dá: entendi que Hillary Clinton iria adotá-lo e tinha como certa de que já conhecia o General do filme "Zorba o grego". Afinal ainda não sei qual dos dois é o General... Correio do Povo , 7.7.12, p. 14


Zorba, o Grego : foto Alan Sir Bates

quarta-feira, 18 de julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

HACKERS PARA QUE TE QUERO - Julian Assange, ¿el Che Guevara de la era digital?


Não, são chamados de piratas da era digital, os vikings pós-modernos, trazendo as mesmas contribuições, na tecnologia avançada e estes últimos também levaram as mais variadas partes do mundo a tecnologia da construção, desconhecida pelo homem. Os hackers são assim comparados aos piratas, porque estes não foram vistos só por ser saqueadores dos mares, mas também pelo conhecimento profundo da humanidade. Revelaram-se além de destemidos navegadores, construtores de suas embarcações, guiavam-se pelas estrelas e há relatos fantásticos de garra também por terra.Temos agora o mais famoso hackers do mundo, um dos mais destemidos e fluente homem do planeta, se duvidar prêmio Nobel da Paz. Hackers do bem. Coloca a vida em jogo pelas divulgações que aos poucos vem fazendo. A cabeça está à prêmio. Não faz mal. O trabalho está muito bem feito. Os hackers do bem estão do seu lado. São oitocentos ou já são mil? Não sei. Toda a matéria perigosa que ele já editou e a que ainda não foi publicada está espalhada pelo mundo. Julian Assange, simpatizei-me com ele, desde a primeira notícia publicada pela mídia. A guerra segundo este jornalista não é aquilo que é mostrado: crianças são torturadas até a morte. Há "matança" com detalhes brutais. Cavaleiro da era digital e homem mais influente do mundo, tem grandes idéias no campo administrativo. Nas entrevistas, comporta-se com humildade e uma organização de jornalistas, que fazem do jornalismo um respeito, estão com ele. Não fique triste. "Quanto mais te perseguem os incautos mais prestígio te dão aqueles que não aprovam as barbáries." (De minha autoria). Crônica publicada em 2011 e arquivada.
Nota: Esta semana houve uma Maratona Hacker, no Palácio Anchieta, na Câmara Municipal de São Paulo, serão premiados os três melhores aplicativos, e o resultado será divulgado no dia 6 de junho. Os prêmios serão entregues em 11 de junho, às 15h, no Palácio Anchieta. Parabéns a Câmara de São Paulo.

sábado, 7 de julho de 2012

O GRANDE LIXÃO E EARTH COUNCIL

Marcos Pereira http://correiodopovo.com.br/Blogs/marcos-pereira/, escreve com muita propriedade e responsabilidade perante os leitores. Encontramos em jornais pessoas que afirmam que nunca viram um saco de lixo em riacho, rio, lagoa ou mar. Deveria ser proíbido dizer tanta bobagem para o leitor e ainda receber por isso. Deixamos de lado a baixa literatura, o baixo conhecimento e o desinteresse por melhorar o nosso Planeta. A matéria publicada por Marcos com o título de "LIXÃO DO MUNDO?" foi no momento certo e serve de alerta. Quarenta toneladas de lixo podre seriam descarregadas em Santa Catarina vindos do  Canadá. Tenho todo respeito pelos canadenses pela limpeza e educação em seu país, espero que esta medida tomada por um ou mais ficha suja não me faça mudar de opinião com relação ao povo canadense. Sujos  foram aqueles que tiveram a idéia de enviar o lixo e sujos os brasileiros que estavam comprando ou recebendo propina para receber o lixo. Os brasileiros que tiver solução para acomodar o nosso próprio lixo que se apresente e Porto Alegre tem lixo na rua para ser recolhido há muito tempo e os vermes já são avós. Recomendo Ministério Público para todo brasileiro   que não obedecer a Carta da Terra e Canadian Police para os canadenses que não cumprir Earth Council. Merecemos respeito e aqui não é o Lixão do Mundo e que outros países também nos respeitem. Confira matéria completa no C.Povo, p. 3 de 11.03.12