"O café vai ser torrado,
pisado, torturado
vai ficar negro,
negro da cor do contratado."
António Jacinto
Em 1485 aportou em Angola, o português, Diogo Cão e lá encontrou tribos africanas de nome banto (os bantu). Somente em 1569 Paulo Dias Novais, também português, propôs a tomada de posse daquelas terras. Em 1574 foi criada a Capitania de Angola e em 1576 a primeira vila chamada Luanda. Eram de lá que os portugueses traziam os escravos para o Brasil. Foi criado em Angola um empório, local onde se fazia o comércio de escravos que pegados à força pelos portugueses eram colocados em porões dos navios. Muitos morriam na viagem de banzo, uma doença que se abatia no banto pela tristeza, pela fome e a saudade da vida primitiva que levava em suas terras. Os holandeses que ocupavam o nordeste brasileiro/Recife, foram em expedição buscar escravos em Angola para o trabalho escravo em Pernambuco. Com a expulsão dos holandeses e também expulsos de Angola, esta era administrada diretamente do Brasil mais precisamente da Bahia e Rio de Janeiro. Com independência do Brasil, Portugal assumiu a colônia diretamente. A partir de 1970 criou-se um movimento de luta armada para a independência, em Angola. Não foi fácil pela resistência dos portugueses e a guerrilha durou aproximadamente dez anos. Em 1979 assumiu o primeiro presidente nomeado, José Eduardo dos Santos. (Delta Larrousse, Volume I).
Quando ainda colônia plantavam o café, milho, cacau, algodão que em forma de trabalho escravo carregavam os navios atracados no porto em direção a Europa. Pela escravidão que durou séculos os angolanos foram prejudicados de maneira geral. Ficaram muitos sem escolas e ainda hoje o sistema de saúde é um dos mais precários do mundo. Em 1999 foram registrados quase 700 casos de poliomelite com 41 mortes. Estas crianças não foram vacinadas ou receberam doses incompletas das vacinas. As condições de higiene são precárias, as condições sanitárias deficientes e água contaminada, ainda fruto das guerrilhas internas.
A poesia de António Jacinto mostra como era o trabalho do escravo angolano. Plantava o café e não tinha água. Angola pelas proximidades do deserto da Naníbia sofre com períodos de secas e escassez de alimentos e água. O dinheiro recebido só dava para comprar uva podre, peixe podre e pano ruim. Aqui são as vestes dos escravos comparadas com as dos senhores das fazendas. As capinas, os laranjais, a plantação de milho fazia o branco ficar barrigudo e possuidor de carros. A poesia tem como tema o trabalho escravo que mesmo depois da indepêndencia continua escravo. É uma situação criada por aqueles que prosperaram, mesmo sendo angolanos levam os mais fracos ao trabalho escravos ou mal pagos. A palavra Monangambé tem origem no povo banto com sotaque francês e sem uma tradução para o português. Em 1970 quando criou-se o movimento pró-independência, os bantos eram avisados que iria haver Monangambé, que significava chamamento ou reunião. Entre línguas e dialetos aprenderam o português e francês. Rui Mingas quando canta pronuncia Monangambé (circunflexo), como no francês, aqui nos temos a palavra candomblé também de etnia do povo de Angola, pronunciada com som (agudo), como no português. António Jacinto Amaral Martins, nasceu em Golungo Alto, em Angola, lutou pela independência e participou das frentes militares. Foi preso. Foi Ministro da Educação e Cultura em Angola e faleceu em 1991, em Portugal.
OBS: Na época da narrativa desta pequena crônica sobre a letra de Rui Mingas denominada Monangambé, em janeiro de 2012 não havia nenhum dado ainda na Internet sobre Angola e apenas consultei a Enciclopédia Delta Larrousse que neste momento não estou de posse para uma simples conferência de datas. A procura imensa sobre Angola e Rui Mingas, fez deste comentário um dos mais lidos entre os 353 escritos aqui neste blog. Parabéns a Wikipédia pela História da Guerra da Indepedência deste país, agora editada, um recurso a mais: "Em meados dos anos 1920 estava alcançado um domínio integral do território, muito embora houvesse ainda em 1941 um breve surto de "resistência primária", da parte da etnia Vakuval nota 3 . Embora lento, este esforço de ocupação não deixou, porém, de provocar novas dinâmicas sociais, económicas e políticas nota 4 .
Em Camões, podemos encontrar na obra poética "Os Lusíadas" as navegações e as resistências nas colônias portuguesas pelos habitantes da costa Africana, que como exilado lá permaneceu por 17 anos, só voltando para Portugal em 1570. Assim começa a História da Independência de um povo, no momento em que se seu espaço é invadido e escravizado.
Contribuição de Fernando Soares (Portuga), para o meu perfil do facebook.
(31/05/14).https://www.facebook.com/759654997399236/videos/327034784738736/
Em Camões, podemos encontrar na obra poética "Os Lusíadas" as navegações e as resistências nas colônias portuguesas pelos habitantes da costa Africana, que como exilado lá permaneceu por 17 anos, só voltando para Portugal em 1570. Assim começa a História da Independência de um povo, no momento em que se seu espaço é invadido e escravizado.
Contribuição de Fernando Soares (Portuga), para o meu perfil do facebook.
(31/05/14).https://www.facebook.com/759654997399236/videos/327034784738736/