sábado, 17 de março de 2018

FREUD - PUBLICAÇÕES PRÉ-PSICANALÍTICAS E ESBOÇO INÉDITO


                    Imagem relacionada      VOL I (1886-1899)                   
                       Prefácio geral da edição inglesa
    Freud não era só um hábil neuroanatomista e fisiologista, também era versado nos clássicos gregos e latinos e literaturas: alemã, inglesa, francesa, italiana e espanhol
   Ao escrever fazia remissões, com datas de intervalos longos e sempre com alterações.
   Ao ser traduzido travou-se um embate ao se confrontar com o estilo literário e quando o projeto da Standart Edition considerau como vantagem de ter uma única pessoa  para trabalhar em todo o texto,  a versão anterior já havia sofrido alterações. 
   Perante a obscuridade em algumas passagens foi sacrificado a elegância estilística por uma tradução literal e assim moldado para “inglês ver”, com uma série de termos técnicos, expressões estereotipadas e neologismos que  não serviam para “ingleses”, assim como aspectos verbais que não havia um correspondente na língua inglesa. Alguma recorrências como “Unlust” foi traduzido por “unpleasure” (desprazer) e “Schmerz” para “pain” (dor).  Esta regra nem sempre funcionava, haja vista a probabilidade de se encontrar variantes apesar de ser sinônimas: “ychiscpsh” traduzido por “psychical” (psíquico) e “sílex” por “mental” (mental).
    Fica os agradecimentos a Associação Americana de Psicanalistas, do qual sou membro honorário. Ao Dr. K.R. Eissler com os Arquivos Sigmund Freud e da Biblioteca de Psiquiatria do estado de Nova Iorque. Dr. Alexandre Grinstein e seu Indez of Psychoanalytic Writings. Otto Feneceu e Ernest Kris. Instituto de Psicanale e o Comitê de Publicações. As correspondências de Ernest Jones. Dra. Sylia Payne. Srtª Anna Freud, a minha esposa, Dr. Alan Tyson e a SrªAngela Harris.
                                                                              James Strachey
                                                                                                                Marlow, 1966

  Em 1885, Freud ganhou uma bolsa e passou seis meses no Hospice Salpêtrière junto com o Dr. Jean Martin Charcot para o estudo da anatomia do sistema nervoso e voltou-se para psicopatologia (12/1885).
    O Professor lecionava no seu próprio hospital há 17 anos e Freud queria saber sobre problemas anatômicos, estudo das atrofias e degenerações secundárias que se seguem as afecções do cérebro nas crianças. Por falta de espaço e organização, desistiu da anatomia e ficou com as relações dos músculos da coluna posterior da “medulla oblongatta”. Junto com o Professor viu pacientes, examinou e ouviu a opinião  dele, do qual recebeu grande estímulo, assim como todos os estudantes estrangeiros que formavam com Freud uma turma.
   As neuroses, principalmente a histeria, era estudada tanto em homens como em mulheres. Não havia definição ao termo histeria, um estudo mórbido a que se aplicasse ao nome por caracterizar apenas sinais negativos. Havia uma suposição de que a doença dependia de irritação genital, sem nenhuma sintomatologia definida. Charcot partiu dos quadros mais definidos da doença, reduziu a conexão entre neurose e o sistema genital a suas proporções corretas, nos casos de histeria masculina e, especialmente, de histeria traumática. O estudo da histeria masculina (que geralmente não é reconhecida), e em particular a histeria que se segue a um trauma foi ilustrado por ele como o caso de um paciente que durante cerca de três meses, foi o ponto central dos estudos de Charcot. A histeria foi retirada do caos das neuroses, diferenciada de outros estudos de aparência semelhante. Nos casos típicos da doença: procurou sinais somáticos (a natureza do ataque, a anestesia, os distúrbios da visão, os pontos estrógenos, etc.) As indicações  positivas ajudou a estabelecer o diagnóstico de outros estados de aparência semelhante. Charcot separou e deu a histeria particularidades que não deixou dúvidas de que nela imperasse uma lei e uma ordem. Passou dos estudos de paralisias e artralgias histéricas (problema nas articulações) para o das atrofias histéricas.
     Freud contou com conhecimento dos fenômenos do hipnotismo e em especial, os  “grand hypnotisme”, descrito com muita naturalidade por Charcot. Ele via o hipnotismo como uma experiência científica e não se mostrava encantado com o que lhe parecia raro.
     Freud esteve também com o Dr.  Pierre Marie Félix Janet ,que se dedicava as formas de atrofia  muscular hereditária, excluídas do sistema nervoso, mas aos cuidados dos neuropatologistas,  médico e psicólogo do Salpêtrère, que contribui de forma  relevante nas doenças hereditárias e suas consequências. Ainda viu as doenças de Ménière (zumbidos), de esclerose múltipla, de tabes (degeneração dos nuerônios com desequilíbrio), acompanhada de doenças das articulações descrita por Charcot, da epilepsia parcial, e de outros formas de doenças que compõem o acervo de material  das clínicas  e dos ambulatórios de doenças nervosas. Nesse período aparecem as doenças  funcionais como a coréia (doença hereditária e degenerativa), as diversas formas de “tiques”, como por exemplo a doença de Gilles de La Tourette, hoje associada ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), integra-se ao “Espectro Obsessivo-Compulsivo”, despertando o interesse de centros de pesquisa. Aborda o transtorno em sua perspectiva.  Esteve com Professor Ranvier, do College de Franc, viu a preparação de células nervosas e neurológicas. Com passagem por Berlim esteve com Mendel entre outros e tirou dúvidas relacionadas com a localização do sentido da visão, no córtex cerebral.
                                      
                                                                           Viena, Páscoa                                                                                                                                                                                                                                                                                 1886 

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