Observação de um caso grave de Hemianestesia em um
homem histérico (1866)
Como nas observações de Charcot que aponta
para sintomas especiais em caso de histeria, os “estigmas histéricos”, Freud foi desafiado em Viena a provar que o homem podia sofrer desse mal e depois de uma segunda tentativa encontra um paciente masculino que se ofereceu para
ser estudado. Era August P. de 29 anos e trabalhava como gravador numa empresa
há dez anos. O paciente carregava um grande trauma familiar ao perder os pais, com mais cinco irmãos e entre eles, um foi tratado em Berlim com histeria. Assim
na Sociedade de Medicina de Viena ele apresenta o paciente que ele já havia
conversado e examinado. Não foi dispensado o histórico desde muito pequeno ao
sofrer um acidente que comprometeu o tímpano. Terminou o curso
primário e era um estudioso como aprendiz de gravador e exercitou-se no
desenho. Com o decorrer dos anos veio a sofrer de palpitações. Desentende-se
com o irmão que tinha uma vida desregrada, que o ameaçou de morte com uma faca.
Assustado correu até a casa e caiu junto a porta. Ao acordar do desmaio, sentiu
zumbidos, estava muito fraco com dores de cabeça, com pressão intracraneana e com o lado
esquerdo alterado. Após três anos desse incidente foi acusado por uma mulher de
roubo, por quinze dias sofreu alterações no quadro que já havia se revelado e
com depressão chegou a pensar em suicídio. Sofria de pesadelos, como cair de
lugares altos, perda do sono e muitas dores do lado esquerdo do corpo. Todas as
áreas foram afetadas, como garganta, ouvido, abdomem, joelho esquerdo e planta
do pé.
Quadro do paciente: Nenhuma patologia nos órgãos
internos; muito pálido. Dores com compressão no ponto de saída dos nervos
supra-orbital e infra-orbital ou do mento; com alteração nevrálgica no trigêmio
esquerdo, com sensibilidade na abóboda craniana, a pele não sofre qualquer
estímulo nesse ponto, não reage a alfinete, beliscões e no torcer o lobo da
orelha. Anestesiado. Examinado pelo Dr. Konigstein com poliopia monocular
(ceratocone), o paciente via mais de uma imagem ao mesmo tempo de um
determinado objeto e com problema para detectar cores, com prioridades para o
cinza. Foi poupado da perda da audição do ouvido esquerdo. Nenhuma reação no
braço esquerdo com testes de olhos abertos e testes de olhos vendados, o
paciente não distinguia a própria mão esquerda da mão de Freud ao tocar com a mão direita. Zonas histerógenas
sensíveis como o nervo trigêmio e suas ramificações: Com todo o lado esquerdo comprometido como o cordão espermático que estava sensível a dor na cavidade abdominal e na mulher corresponde a sede da “ovaralgia”. O
paciente sofre com a perna direita com hipoestesia, no lado externo e na panturrilha.
Expectativa e cura:
Foram feitos testes de sensibilidade elétrica na pele e com os testes
repetitivos havia variações nas zonas dolorosas e as perturbações da visão
também oscilavam, o que levou Freud a ter esperança de restaurar a sensitividade
do paciente em pouco tempo.
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