sexta-feira, 5 de outubro de 2012

EL CAPITAL - Karl Marx

    No volume I, no prólogo, aparece a data de 1859 como sendo o ano que ele publicou Contribuición a la crítica de la economia política. No primeiro volume de "O capital" insere neste  a crítica que havia interrompido por motivos de saúde, em forma de resumo, no primeiro capítulo. Aconselha o amigo e doutor L. Kugelmann quando em sua visita: "(...) seria conveniente completar el  análisis de la forma del valor con otro tipo más didático". É uma tradução feita do alemão por Wenceslau Roces para o espanhol e publica em Pámuco, México em 1963. O autor se preocupa com as traduções, interpretações, pois já era criticado por Lassale que o tomou ao pé da letra.
     A economia política na Alemanha era vista como uma ciência estrangeira. Refere-se desta forma perante o crescimento dos países da Europa central com o desenvolvimento econômico e discussões acadêmicas que não estavam acontecendo em seu país, embora outros países também passem pelo mesmo problema. Era um catálago de dogmas que chega até eles considerados pequenos burgueses.
     Desde 1848, a produção capitalista começa a desenvolver-se rapidamente na Alemanha e floresce os negócios com trapassas. Surge condições econômicas modernas, mas falta um estudo que recaísse na cabeça da burguesia. Esta política burguesa e permanente, sem solução, origina lutas de classes sociais fortes em alguns pontos e isoladas em outros. O eixo de suas investigações repousa nos salários dos obreiros e a ganância dos capitalistas.
     O antagonismo, um capital em mão única e as mãos vazias dos obreiros parece uma lei natural da sociedade. Ele, juntamente com Engels (1820/1895) são observadores da realidade social, formularam seu pensamento a partir  do enriquecimento de alguns e do empobrecimento crescente da classe operária. Um trabalho de pesquisa histórica sobre as condições de trabalho, também em outros países. Um número incontável de minas de carvão na frança, com trabalho escravo, estava presente.  Na Inglaterra não era diferente. Constrói uma teoria científica: na filosófica, com enfoque no materialismo dialético, aborda e interpreta os fenômenos da natureza de uma forma que se mostra real, dinâmica e complexa. O homem dotado de consciência não é passivo, sim dinâmico, determinado, livre para agir no mundo, transformá-lo e se necessário, um homem revolucionário; ainda, no  materialismo histórico aplica os princípios do  materialismo dialético situado na história. Ele mostra os fatos, a luta de classes, uma inversão dos fatos históricos, corrigindo a história.
     Encerra o prólogo com a seguinte frase: "Segui il tuo corso, e lascia dir le genti!" (Siga o seu progresso, dirá o povo!)".
     O autor nega, por exemplo, que a lei das probabilidades seja a mesma para todos os tempos, pelo contrário afirma que em toda época tem sua própria lei de probabilidades (...).
     Era de praxe criticar a dialética  de Hegel (1770/1831), época em que escreve "O capital", pelos cátedros cultos da Alemanha. Diz Schopenhauer referindo-se a filosofia que não faz nenhum progresso: "Finalmente, chegou a falência de toda essa escola e método. Pois, com Hegel e seus companheiros, a insolência desses rascunhos sem sentido, por um lado, e a glorificação mútua sem escrúpulos, por outro, junto à evidente premeditação de todo esse movimento bem planejado, alcançaram proporções tão colossais, que todos tiveram de abrir os olhos para essa charlatanice. E, quando foi retirada a proteção que vinha de cima, em conseqüência de certas revelações, todos tiveram de abrir também as bocas. Essa pseudofilosofia, a mais miserável que já existiu, arrastou consigo para o abismo do descrédito seus antecessores Fichte e Schelling. Assim, ficou evidente toda a incompetência filosófica na Alemanha  da primeira metade do século posterior a Kant, enquanto se continuava a vangloriar para os estrangeiros o talento filosófico dos alemães - especialmente desde que um escritor inglês usou a maliciosa ironia de chamá-los um povo de pensadores". (A. Escrever, p. 140).  Segundo narra o autor, Moses Mendlssohn remete contra Spinoza no tempo de Lessing, tratando-o como "cachorro morto".
     Observando a economia inglesa, embora não houve luta de classe, com singularidade observa o que está errado na política econômica. Segundo a teoria ricardiana estudada por ele, a barreira para o desmonte era instransitável como pode-se ler a medida que se avança no I Volume. (Ricardo Jones, Sta. Aliança)
     Na França e na Inglaterra a economia burguesa em 1830 não se definia o que era falso ou verdadeiro.
     Ferdinand Lassale diz que o autor busca na "quinta essência" explicação  para as pesquisas com erros significativos e escreve: "Não só nos atormentam os vivos, mas também os mortos".
     Toda a obra está embasada em pesquisas exaustivas, faz uma retrospectiva histórica do trabalho, busca na Idade Média o significado do dinheiro e da mercadoria que perdura até o século XIX. Analisa o conceito de valor dado como signo pelo que ele vale e não por ser uma simples coisa, segundo Hegel. Tanto o dinheiro como a mercadoria, ambos vistos como um signo, análise feita pelo autor, sem levar em consideração o trabalho humano.
     Cita Aristóteles, uma pessoa só deve trocar um objeto de sua necessidade por outro que também venha satisfazer a sua: "Não se troca a sandália por algumas gramas de alimento. A sandália não existe para trocar-se".
     Esta equivalência no momento da troca não foi respeitada principalmente na Idade Média quando os navegadores trocam objetos sem valor, por outro de maior valor e era o sistema de "compra e venda" descrito, que vê como algo imoral. Baseado na imoralidade e no benefício que isto traz, os selvagens eram enganados na presença de padres da igreja católica e as expressões descritas como: "verdades eternas", "graça eterna", "fé eterna" e "vontade eterna de Deus" era uma constante.
     Cita Proudhon, filósofo e anarquista francês que primeiro esboça conceito de equidade e justiça, como extensão do Estado. Elabora seu "ideal de justiça" e seu "ideal de justiça eterna" nas relações jurídicas que atende pequenos burgueses. Ainda emprega; "idéias eternas", "eterna equidade", "mutualidade eterna" entre outras.
     O autor cita os chineses e não os franceses, que faziam as mesas girar em experiências espíritas, passando estas a ser consideradas não só de valor de uso, mas também produto de trabalho.
     Ele compara economistas com teólogos, no século XIX. No feudalismo, os economistas são os burgueses e  teólogos e as instituições eram vistas como naturais. Avançando na obra ele fala de uma antítese francesa relacionada com  o dinheiro e a terra: "Nulle terre sans seigneur y l'argent n'pas de maître".  Pode-se traduzir em qualquer ordem: "Nenhuma terra ou terra de ninguém, sem senhor", significando o poder feudal com as terras vinculadas aos nobres, lordes e barões. Os pobres, os escravos, produzem alimentos e criam animais para estes e ainda para o clero. O senhor era a pessoa responsável pelo feudo, logo "nenhuma terra sem senhor". A outra: "o dinheiro não tem dono", significando o dinheiro  nas mãos dos poderosos  que de posse do capital adquirem mais terras, aumentando o número de feudos ou simplesmente arrendam, nunca na mão do pobre. Este contraste entre o poder da terra concentrada nas mãos dos poderosos e poder impessoal do dinheiro, que em última análise não pertence a ninguém é o que expressa a antítese. 
     Aconselha Maquiavel: "Deve, sobretudo, abster-se dos bens alheios, posto que os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio". (O príncipe, p. 65)
     Quando o autor aborda o estudo da mercadoria "es como si la categoria del salario no existisse". Cita Aristóteles com um exemplo de cinco almofadas tendo o mesmo valor de uma casa. A sociedade grega está baseada em trabalho escravo e tem como princípio natural a desigualdade entre os homens e suas forças de trabalho, o próprio filósofo sente dificuldade para fazer uma análise.
     O ouro regula o mercado. O dinheiro é uma representação real e afetiva da soma deste, que regula os preços e para isso tem que coincidir. Os preços irão oscilar com o valor do ouro (valor do material dinheiro). O processo da desvalorização do ouro faz subir os preços e vice-versa, na devida proporção. Esta oscilação aumenta ou diminue o preço das mercadorias aumenta ou diminue a circulação do dinheiro. A massa de dinheiro nos meios de circulação determina o câmbio não como função de meio circulatório, mas como função de medida de valores.
     No século XVII e principalmente no século seguinte chega-se a uma conclusão enganosa porque mais ouro e prata havia sido lançado no mercado, como meio circulatório e coincide a subida dos preços. O ouro segue prestando os mesmos serviços como padrão fixo de preços, por mais que ele mude o valor de sua cotação. Cita Jacob Vanderlint: "Os preços das coisas sobem necessariamente, em cada país, na medida que aumenta a quantidade de ouro e prata em circulação, pela mesma razão, em determinada nação diminui o ouro e a prata e o preço de todas as mercadorias diminui proporcionalmente a esta diminuição do dinheiro".
     Atualmente o nosso ouro, ou metade dele desaparece nas mãos dos exploradores e isto corresponde aproximadamente 2,4 milhões de onças troy ao ano (3,6% do total mundial) fica de fora do balanço de pagamentos  e de fora do regulador do PIB, pois a extração de minérios é responsável aproximadamente 3% do PIB brasileiro, porém no produto final chega a 29% e em alguns casos os minerais transformados como nas industrias automobilísticas, eletrônicas, eletrodomésticos ou na construção civil participam com 40% na economia do país. Como o órgão regulador dos nossos minérios aparece em primeiro lugar o Ministério de Minas e Energias e seguem abaixo outras agências reguladoras ou fiscalizadoras.
     Na última década o valor do ouro sobe anualmente e também os preços sobem e chegam a dobrar, cumprindo dessa forma um papel controlador e avaliador do poder de compra. Para os economistas ele é regulador  do dólar, sobe o ouro, baixa o dólar, moeda reguladora do mercado como monopólio mundial. Para o autor todos os países tem seu potencial próprio, as suas reservas, para equilibrar a moeda.
     t A Constituição de 1988 estabelece regras relacionadas com a sustentabilidade ambiental que varia de estado para estado. O impacto ambiental gerado pelas mineradoras é de responsabilidade do IBAMA e do Ministério do Meio Ambiente. A nossa legislação é uma das mais rígidas do mundo, mas a nossa exploração compromete o meio ambiente porque a atividade não é fiscalizada e das 100 maiores empresas exploradoras apenas 25% possuem unidades certificadas pela ISSO 14.001 e mesmo as que detém o certificado não garante o cuidado regulamentado. Elas dispersam mercúrio, lama e outros detritos que contaminam o solo próximo e longe da mineradora num desrespeito ao ser humano. O custo com medidas preventivas, como contenção de lama e mercúrio vai elevar o custo da produção e a ganância está em primeiro lugar. Os lucros são exorbitantes e faz parte do jogo sujo, da lavagem de dinheiro, do contrabando e do enriquecimento ilícito. Estes são os donos de capital explorado sem precedentes, avançam cada vez mais, sem escrúpulos, aos olhos da sociedade perplexa que se pergunta sobre a origem de tanto dinheiro e assim são proclamados os homens mais ricos do planeta.
     Todo minério extraído e avaliado deve pagar imposto para o Estado e isto gera receita. O Brasil ocupa a 6ª posição mundial em termos de reservas e o 13º em produção, com 61 milhões toneladas métricas.  Em síntese a colocação do autor é muito clara de como deve agir os meios oficiais: há de haver sempre ouro e prata necessário, pelos quais o comércio depende  da frequência das transações e valor por eles pagos. Um processo circulatório sem preço e uma moeda sem valor depende logo ali da alícota de massa formada pelo mercado de troca porque uma parte da alícota do montante de metais extraído de um nação pertence a esta. Cabe-se lembrar que  a Alemanha sempre teve muito ouro e na época em que o autor escreve "O capital" a população está empoprecida e impera a desgovernança.
     O autor fala do processo de dissociação entre o valor do ouro, os quilates do seu peso nominal e seu peso real, pois converte a essência do ouro e da moeda em aparência de ouro, o que chama de desmonetização. Ouro com aparência de verdade converte a moeda em mero símbolo de uma quantidade de metal que "oficialmente" nos é dita. Na Alemanha do século XIX é assim, no Brasil do século XXI, também, porque aqui encontramos os pobres, os muito pobres e àqueles que vivem abaixo da linha da pobreza, que sabem que há algo errado, mas não sabem como agir perante a diferença entre eles e a burguesia.
     Para o dinheiro funcionar como moeda será necessário, também fazê-lo circular e vai depender do tipo de moeda, ou seja o peso do ouro vai dar nome ao dinheiro no mercado , que vai enfrentar. Este preço e o nome depende da circulação como se fosse uma peça dotada de um nome qualquer. Na História do Brasil, pode-se ler sobre   uma peça maciça em ouro,  um cacho de bananas, de tamanho natural, exigência do rei de Portugal, que enviou um representante à Inglaterra para que realize a operação de empréstimo ao nosso país. O Brasil contrai uma dívida em libras, transferida mais tarde para o FMI com pesados juros em moeda estrangeira.
       O autor fala da acumulação do dinheiro (atesouramento), que traduzida fica entesouramento, compara aos conquistadores que sempre há uma nova fronteira a ser conquistada e voltando mais ainda na  história fala do roubo dos tesouros dos templos de Delfos, também conhecidos por Bancos sagrados, na Grécia, pelos faceus. Para o autor, atesouramento é o dinheiro acumulado, através de lavagem de capital, o que hoje juridicamente se chama de clareamento de capital. Este pode ser aplicado de maneira ilícita, chamado de dinheiro sujo. Cabe lembrar o dinheiro brasileiro que não conhece fronteiras, depositado em bancos estrangeiros, os paraísos fiscais, dinheiro que foi subtraído do país, sem retorno, portanto não circula e sem poder de compra. O atesouramento acontece também através do investimento em poupança e em outros papéis com largo lucro para os investidores. Comenta o autor : "O poupador se abstem do ouro e dos prazeres da carne, assim abraça o evangelho". Produz muito, vende muito. O trabalho, a avareza são suas virtudes cardinais e comprar pouco é o compêndio da sua ciência econômica. Esta ciência é pregada aqui no Brasil para quem usa o cartão de crédito pelos cientistas econômicos para àqueles que se veem endividados pelos altos juros bancários. Cita Lutero: "A los párocos, para predicar contra la usura" para falar do problema "não se pode pagar aqui nem poder comprar lá". Diz o autor: "As nações clamam por dinheiro assim como o servo clama por água fresca, riqueza para ambos".
     Descreve a luta de classes já no mundo antigo, entre credores e devedores, sendo estes últimos plebeus que foram convertidos em escravos. Abro um parêntese para acrescentar que a escravidão era sofrida por qualquer raça e independente de cor . Era o mais "forte" que subjugava o mais "fraco" em qualquer momento da história universal.
     O escravo ou obreiro mal pago passam a comprar mercadorias de seus patrões com preços superfaturados e por mais que trabalhem não conseguem um "meio de pagamento" e o círculo se forma: trabalho e divida e dívida e trabalho. Este círculo os torna prisioneiros dos sítios, das aldeias, porque enquanto devem, ali devem permanecer.
     Na Inglaterra, século XVIII: "Aqui, reina entre os comerciantes  um espírito de cueldade como não se pode  encontrar em nenhum outro país do mundo".
       Eis a forma do ciclo do dinhero transformado em mercadoria e esta em dinheiro (comprar para vender).

      D (dinheiro) - M (mercadoria) - D (dinheiro)

      A seguir, duas formas são antagônicas o que chama de "processo total".

      D - M  (Na compra, o dinheiro converte-se em mercadoria).

      M - D  (Na venda , a mercadoria se converte em dinheiro).

      A preocupação do autor não era com a circulação do dinheiro e sim com a origem do capital. O processo nada mais é do que, a maneira empregada para fazer surgir o capital, através da força de trabalho barata que leva ao lucro, originário do processo total que ele chama de "patrimônio-dinheiro".
     Este patrimônio originado no capital comercial e de capital usurário ou seja de lucro exagerado, feito de ambição ou de dívidas contraídas pelo obreiro com altos juros, o  "capital sujo". Tales de Mileto, filósofo Grego que nasce por volta 625 a.C já escreve sobre a crematística. Aristóteles em Ética para Nicômaco escreve que é através do emprego da crematística que acontece a acumulação do numerário e a qualquer preço a prática é abraçada não importando o prejuízo a sociedade com degradação ao meio ambiente, sem preocupação das consequências. O autor cita este filósofo: "(...) não parece existir limites na riqueza e na posição, esta crematística não encontra nenhum limite a sua ambição que a de se enriquecer de um modo absoluto". 
     Na circulação de mercadorias se extraí o capital no momento que se estabelece o comércio, que tem como resultado final o dinheiro resultado da circulação de mercadorias, sendo esta a forma inicial em que se apresenta o capital. Cita Engels: são as ganâncias que vem incrementar o capital primitivo, que incorpora imediatamente ao capital e se coloca em circulação com este.
     Rubens Requião fala de Machiavel: "(...) a cidade de Gênova dera como garantia, direito alfandengário e um palácio para os credores ali se reunirem. Os credores estabeleceram, então uma comissão de gestão que eles dividiram seus créditos em frações iguais dando a sua corporação o nome de Casa di San Giogio, que se tornou extremamente poderosa". Comenta o autor que a "casa" passou mais tarde  a operar como Banco. (Direito Comercial, V. 2 p.3).
     Critica Mommsen que comete um "quid pro quo" atrás do outro, referindo-se as Enciclopédias da Antiguidade, com absurdos. ( História de Roma). O mundo antigo já está envolvido no capital, a majestade das construções numa época em que não havia a moeda, prova da escravidão dos obreiros. Cita Thomas Hobbes quando este se referia ao valor do homem pelo homem, classifica como "mais forte", "mais fraco" e "mais ou menos inteligente". Seria a aniquilação do homem pelo próprio homem, o que o autor concorda com este filósofo. O homem vende o seu trabalho que resulta em mercadorias e o empregador que absorve a mão de obra (igual a mercadoria), torna-se capitalista. Isto acontece porque o homem não vê em si o seu próprio valor e não vê que tudo que toca se transforma em dinheiro para o outro e nunca para ele. Faz uma comparação entre dois padeiros: um que faz o pão e vende de porta em porta e a padaria (undersellers) que vende pão aos pobres com areia e cal com um lucro de 3/4 a mais que o primeiro. Relata que o empregado da padaria leva pão para casa e "se ve obrigado a pagar precios más altos que los demás (...) que le fía". Todos conhecemos a palavra "fiado", solução encontrada pelo pobre para conseguir alimento ou suas humildes vestes que muitas vezes no final do mês não tem como pagar e assim a dívida aumenta sempre com juros.
     Aqui, já se encontrou farinha de trigo com pelos de ratos e atualmente encontra-se nas prateleiras dos supermercados farinha de milho contaminadas por micotoxinas,  encontrada em qualquer tipo de milho armazenados e com muita demora na produção da farinha. Para os consumidores da farinha de milho, de uso quase diário, o risco de câncer é grande e já se pode detectar a doença desenvolvida nas regiões de maior consumo.
     Ele menciona a produção de grãos e a diversificação da cultura. O colono se queixa, acredita que se existe mais dinheiro poderia vender seus produtos a bom preço, motivo da pobreza destes.
     Chama de estancamento de mercado quando as riquezas não passam de mão em mão e isto é um termômetro para a nação. Ele culpa os meios oficiais no momento de regular o curso da moeda para que não venha paralizar o comércio.
     O autor diz que compra e venda são duas forças igualitárias desde que haja respeito com o dono da força de trabalho, considerado como pessoa e que cada um se respeite e que cada um ceda ao outro sem desfrute.
     Cita John Bellers: "Os pobres não tem trabalho porque os ricos não tem dinheiro para pagá-los, apesar de que seguem possuindo as mesmas terras e as mesmas forças de trabalho que antes para fabricar víveres e roupas de vestir: e são estes e não dinheiro os que formam a verdadeira riqueza de uma nação". (Proposls for raising a Colledge of Industrie).
      Os peões, são uma forma disfarçada de escravidão que ocorreu nos Estados Unidos, México, províncias do Danúbio e reina até os dias de hoje aqui no Brasil. Não só o peão, mas toda a família fica refém do proprietário das terras, do coronel, do burguês. Estas famílias agregadas a uma outra majoritária ganham aposentos, comida e inertes agradecem o pão que fazem todos os dias.
     No capitalismo, o trabalhador com a sua força de trabalho assumida é um assalariado, quando na verdade  deveria lhe pertencer também o lucro ou parte do mercado. Surge assim os contratos de trabalho, algumas legislações que assinalam um limite de tempo para o trabalho.
     Para Leviathan: "O valor de um homem é, como todas as demais coisas, sem preço, no que dá no mesmo, no que se paga pelo uso de sua força". (Works, 1839)
     Na Inglaterra uma forma de pagamento capitalista paga semanlmente com mercadorias (alimentos) nas tendas do próprio dono. o tabalhador recebe o dinheiro com uma mão (mercadoria) e solta com a outra.
     O autor bate forte e da exemplos de como funciona a plus valia ou mais-valia.  Chama de plusvalia absoluta para o processo de valorização do trabalho relacionado com o tipo de trabalho. Vale lembrar profissionais que trabalham com alta costura, sapato tipo exportação e outros profissionais que transformam seus artigos em mercadorias de luxo. Na venda do terno ou vestido o custo de produção fica baixo e a mão de obra especializada não é descontada do lucro.
     O autor faz a diferença do processo de trabalho realizado pelo homem quando concretiza uma tarefa para consumo próprio como uma rede de pescar, do processo  considerado com uma tarefa de força de trabalho gerada pelo capitalista. Neste último caso, o homem trabalha sob controle e o trabalho não lhe pertence. O capitalista lhe vigia para que o resultado do trabalho seja feito exatamente como deve, sem desperdício de matéria prima e cuidando dos instrumentos de trabalho muito bem, sem desgastar, exige um emprego racional.
     Pensa o trabalhador, o produto final, é de propriedade do capitalista que paga o dia da força de trabalho, faz as exigências que tem que fazer  no emprego daquela força. Tudo pertence ao capitalista, nem mais nem menos que o produto da fermentação de vinhos da sua bodega.
     O proletário ao vender seu trabalho por uma quantidade de víveres (approvisionnement) renuncia integralmente a toda participação no produto. O capitalista é o proprietário do capital e também do trabalho, logo a palavra capital é associativa pois abarca o capital e o trabalho.
     O capitalista está sempre driblando as crises e cita o caso dos americano na Guerra de Secessão que jogam na bolsa de Liverpool. Pero si, pero non, pois estou lendo em espanhol, todos os hermanos capitalistas fazem o mesmo. O autor também dotado de comicidade e diz que os capitalistas catequizam uns aos outros: "Não vá comer o seu dinheiro. Não fale de sua abstinência".
     Voltando a plus valia  como cota que é a exploração da força de trabalho. Engels cita Maltlus: "Se calculamos o valor do capital fixo invertido como uma parte do capital desembolsado, no final do ano teremos que calcular o restante do valor deste capital como uma parte da renda atual. O autor dá o exemplo da compra de uma máquina  que resultará em produto de venda que no momento de desembolsar custa X, mas com que atualmente chamamos de  depreciação anual, vai embutir no valor do produto,  a perda na  depreciação. Desta forma o valor do capital reaparece no produto e o capital aumenta porque foi acrescentado um valor x de plus valia que nada mais é do que o capital convertido em força de trabalho.
     Disso se compreende que, como disse Lucrécio, nil posse creari nihilo (do nada posso criar mil).
     A cota de plus valia é a magnitude proporcional do capital, que os ingleses chamam de "rate of profist" (taxa de lucros) e "rate of interest" (taxa de interesse). De fácil compreensão a taxa de plus valia é o mesmo que cota de ganância ou então segundo caminho inverso, não se compreende "ni l' un ni l'autre" (nem um nem outro).
     A autor refere-se a produção de algodão na Inglaterra que predominava no mercado mundial com a exploração da mão de obra e dos jovens menores de dezoito anos que trabalham nas fábricas por doze horas. Entre outras coisas se dizia no condado de Dorset e Somerset: "Vossos peticionários, padres de família, acreditavam que uma hora a mais não conduziria a maus resultados que a desmoralização de seus filhos, pois o ócio é a origem de todos os vícios". Reduzir uma hora de trabalho equivaleria destruir a ganância. O conceito de "moral" e de "virtude" não passava de uma "hora fatal" na concepção de poucos, pelo que os jovens enfrentavam nas manhãs e noites geladas da Inglaterra e mal alimentados. Os padres faziam papel de suplicantes nas famílias e de advogados dos capitalistas. Diz o autor que a alma do capitalista não mais que  sua alma é a alma do capital com suas idéias próprias, como incrementar-se, criar plus valia e de absorver os meios de produção com o maior tempo de produção excedente. O capital não é como os vampiros que não sabem se alimentar, mas que chupa trabalho vivo e que dura mais quanto mais trabalho vivo chupa. Chama de tortura trabalhar doze horas e até quatorze horas nas fábricas.
     O autor cita o Rei Luis Felipe, o Rei Burguês, que durante o seu reinado em 22 de março de 1841 promulga a lei que jamais foi aplicada, que diz respeito ao trabalho infantil, fixando para 8 horas de carga máxima para maiores de 8  menores de 12 e de 12 horas para maiores de 12 e menores de 16 anos.
     O regime do Rei Burguês, também chamado de Monarca de Julho, foi apoiado por proprietários de terras, homens de negócio, banqueiros e conhecido por benfeitor da grande burguesia. Nesta época a França já conhece o antagonismo estabelecido entre o que é burguesia e o povo. A distinção entre capital  e o trabalho já era evidente. Os reinados burgueses estão ameaçados e já se conhecem os nobres como pessoas inferiores aos burgueses donos do capital e a "revolução de 1848 foi precedida por um período de florescimento intelectual como a Europa nunca conhecera antes e nem conheceria depois" (Namier). Cabe acrescentar que neste período um dos movimentos que cresceu foi "socialismo".  O empobrecimento dos nobres,  também acontece em outros pontos da Europa, incluindo a Rússia, com um reinado de dívidas e os burgueses lhe dando às costas. Conclui-se que o Rei Burguês acende uma vela para o povo e outra para os burgueses, mas o povo ainda não está organizado  como classe e os burgueses dominam e não só os menores continuam sendo explorados pelos capitalistas, mas todo o povo.
     O que conta para os capitalistas eram os cálculos aplicados para gerar lucros e o quanto rende uma plusvalia e os exemplos do autor assustam.
     Um capitalista desembolsa 100 táleros para explorar diariamente 100 obreiro com uma cota de plusvalia de 50% com um capital variável de 100 táleros por uma jornada de trabalho de 3 horas diárias, no momento em que duplica a jornada para 6 horas estará duplicando a plus valia em 100%.

                         100 táleros x 100 obreiros x 3 horas =
                           50 táleros x   50 obreiros x 6 horas =

     No exemplo acima diminui o capital, aumenta o grau de exploração em mais 3 horas e o número de  obreiros pode ser proporcional a jornada de trabalho, logo somente a metade (50 obreiros).
     Para cortar um hectare de cana-de-açúcar o obreiro necessita de 2 dias de trabalho:

                        2 dias x 8 horas de trabalho = 16 horas
                        16 horas x 2 salários dias = X salário

     Ele executa em um dia de trabalho de 8 horas e ganha por um dia de trabalho. No final do ano vai trazer grandes lucros para o usineiro proprietário dos canaviais. O autor dá o exemplo da rotatividade dos obreiros, trocam os já cansados por outros mais ágeis e mais fortes. O grande matemático Arquimedes também deu a sua opinião e chamou de economia vulgar.
     A exploração de menores ocorreu na Inglaterra e o autor não poupou com suas críticas. Aqui no Brasil, temos os menores carvoeiros que vivem à boca das fornalhas na produção do carvão num trabalho clandestino.
     Para finalizar o primeiro volume de uma série de 6 encerro falando da expectativa, do objetivo de Marx que mais tarde o capitalismo viesse a cair ou ser substituído por um sistema mais justo. Para ele o capitalismo leva a destruição da sociedade e o sonho de uma sociedade futura que participe dos lucros de sua produção. O livro de Marx é uma análise feita desde a antiguidade até o século em que vivia. Leu as barbáries escritas e deixadas em todas as épocas. Entre tantos autores leu Balsac, A comédia humana e definiu como um livro que leva a compreensão da sociedade francesa e que os muitos tratados de economia, de filosofia e de história não superam o autor. Muitos autores passam a escrever seus romances abordando a sociedade e entre eles eu cito Victor Hugo, Leon de Tólstoi, Jorge Amado, Graciliano Ramos,  virou moda tratar de assunto relacionado com o sofrimento humano e mais recentemente o médico e escritor Dráuzio Varella que a exemplo de Tólstoi se encontra com os presos e que depois de cumprida a pena os torna amigos e têm encontros mensais. Cito aqui, um pequeno trecho de Émile Zola, escrito após ser editado O Capital e a famosa Internacional: "_ Bobagem _repetiu Suvarin. _ Carl Marx ainda pensa em deixar os acontecimentos  seguirem seu curso natural. Sem política, sem conspiração, tudo feito abertamente, e apenas pelo aumento de salários. Não tenho nada a ver com essa revolução. Incendeiem as cidades, arrasem tudo, aí, sim, quando não tiver sobrado nada deste mundo podre, talvez nasça um mundo melhor." (Germinal, p.51).
Foi um trabalho perfeito, reuni vários autores com parágrafos de suas obras e citou-os. Pode-se dizer sem medo de errar que ele se debruça sobre os livros com estudos exaustivos e para a  época está frente do seu tempo. Foi criticado bem antes de terminar "O capital" porque o primeiro volume já circulava. Foi expulso da Alemanha, França e finalmente fez da Inglaterra um lugar para morar. Fez um trabalho de campo, não vivia só em gabinetes, sabia o que estava se passando na Inglaterra: a exploração dos menores, a exploração do povo enquanto a Inglaterra brilhava diante dos olhos do mundo com a sua produção de algodão. O silêncio dos poderosos e o silêncio do clero silencia também as famílias convencidas de que necessitam dar o máximo de si para fazer o país brilhar. Marx com suas teorias que sem dúvida é  motivo de estudo, exclarece que precisamos de um mundo mais justo. Aqui fica também o que jamais apagará da minha memória, o que já sabia em parte, mas agora faço uma elaboração completa: Um brilhante, uma esmeralda ou qualquer pedra extraída, deve valer não só pelo valor da pedra, mas acrescida ao valor, o trabalho daquele que a extrai, o que não acontece nem aqui e nem na "China". 

"http://www.youtube.com/embed/IOWGMmvI6CE"



    
   
    
    

    

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