Faltando uma hora para encerrar os debates e repassar o assunto já previamente votado, mas com todo os cuidados que o assunto requeria, recostada, a cabeceira de minha cama e já cansada como Ministro Marco Aurélio, voz muito baixa, rouca e ele me prendia, falou: "que já deveria estar em casa". Não assisti a primeira votação e de nada iria me adiantar, haja vista que a apreciação de Ayres Britto, cansado de esplanar e que eu entendia como votos contrário ao aborto, só hoje tomei conhecimento que ele também estava a favor. A discussão mereceu destaque com a língua latina "nada morta", um português de "fazer grau", junto com a terminogia jurídica de "fazer inveja". Guardei alguns adjetivos presentes nas falas como: tipificada e atipificada, procedente e improcedente, policêntrico, vernáculo, majoritário e aditivo, e os substantivos improcedência e conivência entre tantos. Do latim: verbere, e a conhecida expressão data venia entre tantas citadas e por vezes em voz baixa. Ainda destaco a frase: "O Direito existe para o homem e não o homem para o Direito" . Em certo momento já finalizando o Ministro Marcou Aurélio fez questão que constasse a redação ditada por ele. Tomou a caneta da "gibeira" e rapidamente entre cérebro pensando em latim e português, a redação saiu e no final faltou uma palavra que o Ministro Ayres Britto lhe socorreu e ele prontamente: "assim vai ficar exatamente ao contrário" e o cansaço lhe abateu, os neurônios mergulharam no inconsciente que lhe traiu, lembrei de Paulo Vanzolini com aquela letra cantada por Gilberto Gil:
...como aço na navaia
enfrentei fortes bataia,
o coração fica aflito
bate uma, a outra faia
que até a vista se atrapaia,
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