sábado, 4 de agosto de 2012

EVANILDO BECHARA - 80 ANOS

     Fiquei surpresa ao ler a crônica de Juremir Machado ao fazer referência ao nosso querido Professor  Evanildo Bechara: "Editores adoram "melhorar" livros conforme a gramática de um taipa da Academia Brasileira de Letras chamado Evanildo Bechara." Correio do Povo, p. 2.
     Consultei o Aurélio Buarque de Hollanda, não por desconhecer o significado da palavra, mas para dar aqui exatamente como lá está. "Substantivo "taipa" ou "tapa", é uma parede rústica que pode ser de madeira e barro (...)." Conheço tão bém esta palavra desde menina, pela primeira vez através de meu pai, quando nos mudamos para Morro Azul, o quarto distrito de Torres/RS/Brasil. Para surpresa vim a conhecer uma taipa de pedra de grande beleza e eu via naquela paisagem algo de novo, para qualquer lugar que nos dirigíamos lá estava o terreno cercado por uma fortaleza. Eu disse uma fortaleza. Substantivo ou adjetivo: Bechara é um taipa,  aplicado pelo cronista acima citado. Bechara não precisa de mim para defendê-lo, aqui nesta minha modesta página eu já o citei em outra crônica, para defender o ensino da nossa língua de maneira que faça justiça aos nossos futuros cidadãos. Sem as fortificações dos nossos gramáticos que se debruçaram sobre suas obras não teríamos onde buscar o nosso estudo sobre a nossa língua, a linguagem da pátria. Não sei Filosofia, nem por isso odeio Sócrates ou Sartre e não sei Psicanálise nem por isso odeio Freud ou Jung, mas pelo contrário nenhuma matéria é rejeitada, fazendo de mim uma "pata", ou seja pessoa que não tem especialização em coisa nenhuma, mas aberta ao aprendizado. Por que querem uma minoria a inquisição da  língua portuguesa? Estou em mãos com o livro: 80 anos de Evanildo Bechara, organizado pelo IP-PUC/SP. Alguns capítulos em primeira pessoa: "Conheci o professor Said Ali quando tinha 15 para 16 anos de idade (...), estava no ginásio quando entrei em contato com a Lexologia do português histórico (...) ou ainda "Cours de Linguistique Genérale de Ferdinand de Saussure".  Nosso "taipa" ou como vejo meu a "nossa fortaleza" já enfrentava precocemente a grande fera suíssa. "(...)  Voltou-se para os estudos à cerca da  Língua Portuguesa, tornando-se desde cedo também professor de Latim e de Português. Bechara além de professor dedicou-se a pesquisa de línguas e morou fora do Brasil por aproximadamente 20 anos.
      Com relação à sala de aula é categórico quando se refere a "mesmice idiomática" onde o mestre fala a língua do aluno por lhe faltar competência para utilização de um nível mais adequado com seu compromisso de educador. Também com isso não desejamos torne  à sala de aula aquele professor de palavras difíceis e retórica vazia."
     Bechara ocupa a cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras e seu livro - Ensino de Gramática: Opressão? Liberdade?, já está na décima segunda edição  desde 1986 com a primeira publicação.
     Tese pautada em demagogia que "devem os oprimidos ficar com a sua própria língua e não aceitar a da classe dominante"  e uma réplica a este tipo de pensamento é a tônica de Bechara: "a escola deve promover no indivíduo o desenvolvimento de diferentes habilidades linguísticas, proporcionando o contato  com tiferentes tipos de texto (literários e não-literários, clássicos e contemporâneos), com modalidades distintas (formal/culta, informal/coloquial, com uso dos códigos oral e escrito, de modo a tornar o aluno competente lingüisticamente nas variadas situações reais de interação social."
     Para completar repito aqui nesta crônica as palavras de outro grande brasileiro, Gilberto Amado, livro que está presente na família por 63 anos. A obra se chama Estudos Brasileiros. Ele se dirige à mocidade: "(...)se quiserdes servir o Brasil __ homem que cria a pátria, escrevei, falai, agi(...) Vereis talvez a direção da coisa pública escapar-vos da mão __ se escreverdes, se falardes, se agirdes, porque o Brasil tem horror de quem escreve, de quem fala, de quem age". Emocionante. Confira.

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