domingo, 13 de novembro de 2011

ASTRONOMIA JAPONESA MOSTRA A TERRA EM MOVIMENTO

A agência de exploração aeroespacial japonesa (JAXA) gravou imagens da Terra através de telescópio enviado à Lua. Kaguya é o nome dado pelos japoneses ao ônibus espacial que levou os equipamentos. Chama-se ISAS (Institut of Epace an Astronautical Science) e NASDA (Nacional Space Developent Aphcy) responsáveis pelos trabalhos na Lua. Tenho observado em vídeos que telescópios cada vez mais avançados estão dando verdadeiros shows de imagens captadas do Universo. Os cientistas sabem calcular velocidades dos astros, distância, consistência e bem mais. Quando os americanos pousaram na Lua não levaram um telescópio para de lá observar o nosso planeta e também confessaram não ter visto estrelas porque de dentro da nave ficava difícil. Para mim chega de telescópio voltado para o Universo. Ainda existe muitas pessoas querendo provas do Movimento de Translação (caminhada da Terra em volta do Sol). Um vídeo de duração de um minuto não prova nada. Precisamos de filmes de longa duração, mostrando a Terra enlouquecida e botando fumaça através dos vulcões para dar a volta em torno do Sol. Quando o supersônico Concorde (avião francês) saiu da órbita da Terra (atravessou a barreira do som) observaram o Movimento de Rotação (excelente prova). E como fica o movimento em torno do Sol (Movimento de Translação) se os satélites artificiais com telescópios não conseguirem mostrar esta velocidade? E por que não é visível esta corrida? E se visível porque não mostrá-la? A Terra gira em torno Sol numa velocidade de 107.255 Km/h para percorrer a órbita do Sol de 940.000.000 Km. Você embarcaria numa nave espacial para andar nessa velocidade? E por que não percebemos que o nosso planeta é tão veloz? Vejo as pesquisas adiantadas, vejo o céu de baixo para cima, mas continua o enigma da "valsa" do astro (Terra), visto de cima para baixo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

TERRAS DO SEM-FIM - Jorge Amado

       Jorge Amado nasceu em Ferradas em 1912. Era filho de plantador de cacau.  Iniciou a vida de romancista e político aos 19 anos. Escreveu Terras do sem-fim em 1942, na 3ª pessoa. Um romance de ficção escrito na 2ª fase do Movimento Modernista, com preocupação com a sociedade. Realista quando conta a história dos plantadores de cacau pela experiência vivida com o seu pai  que  sofreu tocaia na luta pela busca da terra a qualquer preço. Tem como tema a conquista da terra por meio da violência, para extrair o capital. Naturalista, nos relatos da  terra exaurida pelos plantadores sem nenhum escrúpulo. Derrubavam as matas, afastavam os índígenas, aves e toda a espécie animal. O narrador é onisciente, ou seja constata os acontecimentos, ora passados no Brasil, ora presentes e distantes no exílio, de onde escreve. A trama é empregnada de desabafo pelo autor numa crítica a sociedade ruralista ou tradicionalista, onde predominava o latifúndio e o coronelismo.
    O autor era militante do Partido Comunista e prega a injustiça social (os que ficaram sem terra) e também denúncia a destruição das matas e fala dos homens recém chegados: "Vinham de outras terras, de outros mares, de próximo de outras matas, mas de matas já conquistadas, rasgadas por estradas, diminuídas pelas queimadas, matas de onde já haviam desaparecido as onças e onde começavam a rarear as cobras".
       Vivemos um momento da discussão do novo Código Florestal. Temos o deputado Aldo Rabelo como Relator da Comissão Especial e figura chave da reforma, também do Partido Comunista. Duas figuras do mesmo partido, Jorge Amado com preocupações com as nossa florestas, Aldo Rabelo mexe no Código sem necessidade porque  a nova proposta em nada vai beneficiar na conservaçao das nossas matas.
    Mostra como era conseguida as terras pelos mais fortes em detrimento dos mais fracos ou a exploração do homem pelo homem. Era o surgimento do capitalismo rural. Paixões, traições fazem parte do romance. Linguagem enxuta própria dos modernistas da 2ª fase. Trata de eleições, economia regional, o cacau. Aparece claramente o patriarcalismo quando o Coronel Badaró agrega o próprio irmão que não manda matar, mas também não faz nada. Aparece o clientelismo com a compra de votos em troca de "pedaços de paraiso". Critica o clero: "O padre Paiva era caudilho político (andava armado) dos Badarós em Mutuns, nas eleiões trazia levas de eleitores, diziam que ele prometia verdadeiros pedaços do paraíso e muitos anos de vida celestial aos que quisessem votar com ele. Era vereador em Ilhéus e não se interessava o mínimo pela vida religiosa da cidade"     A notícia das terras próprias para o cultivo do cacau se espalhou e da Bahia partiam navios com pessoas até do Norte do Brasil. Terras do sem-fim leva este nome porque todos partiam de longe para um lugar ao sul da Bahia sem fim e a medida que o navio se afastava deixavam para trás terras, também sem fim, "o fim do mundo".  Escreve o narrador: "Outras terras ficaram distantes, visões de outros mares e de outras praias ou de um agreste sertão batido pela seca, muitos dos que vão no navio deixaram um amor... uma canção que jamas voltarão, que nestas terras a morte os espera atrás de cada árvore". 
     Uma outra explicação para o título, Terras do sem-fim, seria a violência "sem limite", nas terras promissoras, ou as "múltiplas maneiras", para o enriquecimento que as terras prometiam, o capital, a plusvalia, o cálculo da ganância sempre detonando o homem e a natureza.


                                                    "Meu amor eu vou me embora
                                                     Nunca mais eu vou voltar.
                                                     Nestas terras eu vou morrer".
        
      Usa de metáfora para representar a violência travada no sul da Bahia e assim descreve a lua vista do navio: "E a lua é vermelha como sangue" ou ainda "O luar se derrava em sangue".
     Emprega a lua para representar presságio: "Banhado pela luz vermelha de uma lua de presságios, o navio cortava as águas...".
      Emprega metáfora para demostar a angústia vivida pelo homem naquele lugar: "A mata inteira ri dele, a mata toda grita aquelas palavras, a mata toda aperta o seu coração, dança na sua cabeça" Ainda: "A mata se sacode em riso, se sacode em pranto..."
     Sociológico quando a objetividade se faz presente, os coronéis são decididos a tomar  posse das terras através da morte pelos contratados, os jagunços, portanto um romance social.
     As trapaças começam no navio:  "Riu, se recordando do engenheiro. Um pato... Aquele de pôquer não entendia nada, deixara mesmo tudo que tinha, até o anel".
      Retrata a miséria nas proximidades do porto: "...agora o navio ia bem próximo à terra na saída da barra. Na frente de uma casa triste de barro, dois garotos nus, de enormes barrigas, gritavam para o navio que passava".
      Os passageiros do navio sabiam e comentavam histórias dos coronéis.
     "__ Tu sabes mesmo o que é que tu vai ser nas roças do Coronel Horácio? Tu vai ser trabalhador ou tu vai ser jagunço? Homem que não mata não tem valia pro coronel..."
    " __Mas é dinheiro desgraçado, um dinheiro que parece maldição...a gente faz uma roça..."
    "__ Já  ouviram falar em "caxixe"?
    "__ Dizque é negócio de doutor que toma a terra dos outros..."
    Aqui o narrador explica como era conseguida as terras através do advogado, os coronéis passavam a perna nos plantadores e matavam  pelas costas.
          Fala da febre: "...que matava até macacos...a febre fá-lo ver visões alucinadas. Grita para os demais:
      __ É o lobsomem..."
     A malária só foi erradicada no litoral com a captura do mosquito e o advento do Aralém, remédio que aliviava a febre por volta de 1942 e por um período ainda maior era distribuído pelo Ministério da Saúde,  mas no período do Cíclo do Cacau não havia o combate a doença, os plantadores se embrenhavam na mata e morriam com a febre. Havia um comprimido de quinino que tinha terríveis efeitos colaterais. Bahia teve preocupação com a medicina sanitária tardiamente pelas  condições econômicas, sociopolíticas e culturais que formavam a estrutura social da região. Tinha  economia regionalmente fragmentada;  múltiplos grupos oligárquicos (coronelismo) que mandavam e desmandavam em benefício próprio, e a sociedade não participava, com fortes facções políticas que impediam um avanço médico e também cultural, como é até hoje tratada a saúde no nosso país. Hoje para quem vai viajar para regiões onde existe o mosquito Anofeles deve tomar algumas providências, como calças compridas, mangas longas e usar repelentes. Ainda no Brasil são contaminadas 300.000 pessoas por ano.
       Ilhéus começara a crescer. "Uma cidade pequena, ...de aventureiros e lavradores, onde só se falava em cacau e mortes".
          Damião era Jagunço do coronel Juca Badaró dono da Fazenda Sant'Ana das Alegrias e não sabia contar. "Vou pedir a Don'Ana que me ensine a contar na outra mão. Havia trabalhadores que sabiam contar nos dedos das mãos e dos pés, mas estes eram inteligentes, não eram um negro burro como Damião". Damião não sabia quantos já havia matado. "Que número seria o Firmo?" Firmo era vizinho do Coronel Badaró e era a próxima encomenda.
       É psicológico quando  aparece a subjetividade, Damião faz uma reflexão: "Sempre lhe parecera que ele era trabalhador da fazenda dos Badarós. Agora é que via que era apenas um jagunço". Um assassino.
       Crítica e ironia  relacionadas com a igreja católica: meio contragosto o cônego Freitas se deu por satisfeito porque o coronel Badaró escutava a Bíblia (era evangélica) todas as noites. Dona Ana lê a Bíblia: "E Sinhô Badaró pede que ela repita um versículo, aquele que dizia": "Tomou pois Josué toda a terra das montanhas e do meio-dia, e a terra de Gosen, e a planície, e o distrito ocidental, e monte de Israel e as suas campinas".
       Badaró fala:
      "__ A Bíblia não mente nunca. Nunca me dei mal segundo ela. Nós se toca pra esssas matas de Serqueiro Grande, isso é a vontade de Deus. Hoje ainda tava com dúvida, agora não tenho mais".
      "__ Lê mais Don'Ana... ". "Não terás misericórdia com ele, mas far-lhe-ás pagar vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão e pé por pé".
      "Em meio aos "caxixe", às lutas políticas, às intrigas, e as festas de igreja ou da maçonaria, vivia Tabocas, que antes não tivera nome e agora, pensava em chamar de Itabuna".
      "__ Isto é a última terra do mundo... É um cemitério..." 
     " Em Ilhéus se podia medir a fortuna pelas casa que possuíam que ficavam fechadas o ano inteiro".
             Ilhéus era a penúltima é última esperança e continuava a chegar gente. Conversavam de tudo: "...o pobre de hoje pode ser o rico de amanhã...". "Citavam-se os exemplos e citava-se sempre o Horário que começava tropeiro e agora era dos maiores fazendeiros da zona. E o rico de hoje pode ser o pobre de amanhã, junto com um advogado, fizesse um "caxixe" bem feito e tomasse a sua terra. E todos os vivos de hoje poderia amanhã estar mortos na rua, com uma bala no peito. Por cima da justiça, do juiz e do promotor, do júri de cidadãos, estava a lei do gatilho, a última instância da justiça de Ilhéus".

                                                           "Minha vida é  de penado
                                                           Cheguei e fui amarrado
                                                           Nas gulhetas do cacau"

        Anos depois os cegos cantavam nas feiras:

                                                          "Fazia pena dava dó,
                                                          Tanta gente que morria
                                                          E caía dos Badarós...
                                                          Rolava os corpo no chão,
                                                          Dava dor no coração
                                                          Ver tanta gente morrer,
                                                          Ver  tanta gente matar".

         O narrador encerra o livro descrevendo a rapidez com que o cacau começou a produzir: "cocos do tamanho nunca visto antes, a melhor terra do mundo para o plantio do cacau, aquela terra adubada com sangue".